Pulse Drive CVT é a versão mais econômica do modelo

SUV equipado com motor 1.3 chegou a fazer 21 km/l na nossa avaliação

Amintas Vidal* (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 27/05/2022)

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Como informamos em outras avaliações do Fiat Pulse, o modelo sofreu com a falta de semicondutores nos seus primeiros meses de comercialização.

Lançado no fim de outubro de 2021, ele registrou grande número de encomendas em poucas semanas, mais de 9 mil unidades, porém, apenas 6.724 exemplares foram emplacados em, praticamente, dois meses de mercado.

Contudo, sua média mensal neste período foi de 3.362 unidades.  Hipoteticamente, se essa fosse a sua venda em todos os meses do ano passado, ele fecharia 2021 com 40.344 emplacamentos, o suficiente para ser o quinto SUV compacto mais vendido, logo a frente do Honda HR-V, do Volkswagen Nivus e do Nissan Kicks, fortes concorrentes diretos.

Este ano, ainda com produção reprimida por escassez de componentes eletrônicos, o Pulse fechou o primeiro quadrimestre com 14.249 emplacamentos, coincidentemente, a mesma quinta colocação na categoria.

Mas ele foi o SUV compacto mais vendido em abril, registrando 5.520 unidades, segundo dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

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Se conseguir manter o alto volume de abril nos próximos meses de 2022, provavelmente, ele disputará a liderança da categoria com o Volkswagen T-Cross, o Hyundai Creta e o Jeep Renegade, respectivamente, os atuais líderes do ranking de vendas.

O DC Auto recebeu o Fiat Pulse Drive 1.3 CVT para avaliação, a versão automática mais em conta do modelo. Com motor aspirado e câmbio continuamente variável, ela estreou custando R$ 89,99 mil. Atualmente, no site da montadora, seu preço já alcançou os três dígitos, registrando R$ 101,99 mil.

Neste valor, a carroceria vem na cor preta sólida. As outras cores sólidas custam R$ 983,00, as metálicas, R$ 1,97 mil e, a branca perolizada, R$ 2,31 mil.

Os principais equipamentos do Pulse Drive são: multimídia com tela de 8,4 polegadas e Apple CarPlay e Android Auto sem fio; ar-condicionado digital; volante com regulagem em altura e comandos de áudio, telefonia, computador de bordo e controlador de velocidade; vidros elétricos dianteiros e traseiros com um toque e rodas em liga leve de 16 polegadas escurecidas com pneus 195/60 R16. 

Maçanetas e capas dos retrovisores pintadas na cor da carroceria são as únicas diferenças entre o Pulse Drive CVT e o Pulse Drive manual.

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Em segurança, alguns equipamentos se destacam: 4 airbags; controles de tração e estabilidade; controle de saída em inclinações; TC+ (controle de arrancada com baixa aderência); faróis e lanternas em LED; sensor de pressão dos pneus e sensores de estacionamento traseiros.

Motor e Câmbio – O motor é o Firefly 1.3 aspirado. Este bloco com quatro cilindros, oito válvulas, comando simples tracionado por corrente, com variação de abertura na admissão e na exaltação e que conta com alta taxa de compressão, 13,2:1, rende a potência de 107 / 98 cv às 6.250 rpm e torque de 13,7 / 13,2 kgfm às 4.000 rpm sempre com etanol e gasolina, respectivamente.

O câmbio é o automático CVT, o sistema que tem a variação continua das relações de marchas. A Fiat programou sete (7) relações específicas para simular o uso de marchas escalonadas, no modo manual ou quando o motor é mais exigido.

Em termos de mecânica, o Pulse tem três configurações de powertrain. Já tínhamos avaliado duas: o motor 1.3 aspirado, com câmbio manual, e o motor 1.0 turbo, com câmbio CVT.

Essa é a terceira e última, a combinação do motor 1.3 aspirado com o câmbio CVT. Existem diferenças dinâmicas, em conforto e consumo entre as três configurações.

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Resumiremos as características estruturais e os equipamentos que são comuns a todas as versões Drive e mostraremos as diferenças provenientes deste conjunto mecânico em relação aos demais.

O Pulse é uma grande evolução do hatch Argo. Sua plataforma foi reconstruída com aços especiais, transformando o SUV em um modelo superior, em dinâmica e segurança, em relação ao dois volumes.

Já na carroceria, seu capô e para-lamas dianteiros foram elevados e redesenhados, assim como as grades e faróis, conferindo robustez e grande diferenciação estética em relação ao Argo.

As portas, o para-lama traseiro, a estampagem lateral e o teto são os mesmos do hatch. Um prolongamento metálico do teto e um grande aerofólio plástico foram agregados à nova tampa do porta-malas, essa, igualmente projetada para trás, criando um volume traseiro destacado.

Suspensões elevadas e peças plásticas adornando a carroceria completam a caracterização fora de estrada, artifício comum aos aventureiros e SUVs.

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Interior – Internamente, a Fiat não economizou no Pulse. Painéis inteiramente novos foram projetados. Seguindo estilo mais atual, orientados na horizontal, eles criaram uma cabine inédita para o modelo.

Redesenhados, os bancos dianteiros ganharam novas formas e espuma mais rígida que seguram e sustentam melhor o corpo.

Essa versão de entrada é simplificada. Tirando o friso cinza do painel principal, todas as outras partes grandes são feitas em plástico preto, sem aplicação de cores.

Pequenas peças têm detalhes imitando alumínio ou cromado, melhorando a aparência das mesmas. O tecido dos bancos também é simples, monocromático, preto e cinza.

Na cabine do Pulse, quatro adultos e uma criança se acomodam com conforto para um modelo compacto, sem sobras. Em relação ao Argo, o Pulse tem ergonomia mais acertada.

Além das modificações nos bancos dianteiros, volante e pedais apresentam melhor alinhamento e os botões dos vidros elétricos estão menos recuados, mais ao alcance das mãos.

A volumosa alça das portas dianteiras do Argo foi eliminada, ampliando o espaço para as pernas de quem vai à frente no Pulse.

Os números que homologaram o Pulse Drive CVT como um SUV pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) são: 20,3° de ângulo de entrada; 31,4° de ângulo de saída; 21,3° de ângulo central e 188 mm de vão livre do solo. A capacidade de submersão é de 400 mm.

Frente e traseira encorpadas ampliaram o comprimento do Pulse em relação ao Argo: foram mais 11cm, registrando 4,10 metros. As molduras das caixas de roda garantiram 6 cm extras na largura, chegando a 1,78 metro.

Suspensões elevadas, rodas e pneus maiores e o rack no teto somaram 7,8 cm à altura, que atingiu 1,58 metro. Mudanças no ponto de fixação da suspensão ampliaram em 1,1 cm a distância entre eixos, ficando com 2,53 metros.

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Aferido pelo novo método adotado pela Fiat, o porta-malas do Pulse comporta 370 litros, mas, aparentemente, o espaço foi pouco alterado, cabendo, no máximo, 310 litros. São 10 litros a mais do que no Argo.

O tanque de combustíveis comporta 47 litros, 1litros a menos do que no hatch. O Pulse Drive CVT pesa 1.187 kg, 57 kg a mais que o Argo Trekking 1.3 manual, o Argo mais pesado oferecido atualmente. Ambos suportam 400 kg de carga útil.

Equipamentos – Os inúmeros equipamentos internos são controlados por botões físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal. Alguns sistemas apresentam operação duplicada, também podendo ser controlados por toques na tela do multimídia.

O ar-condicionado de zona única é eficiente em volume de ventilação, tempo de resfriamento e manutenção da temperatura. Ventilação e temperatura são ajustadas por rotação em um único botão, bastando pressioná-lo para comutar entre elas.

As funções comandadas aparecem em barras na tela do multimídia. Neste, também existe uma página dedicada ao sistema para operação totalmente por toques na tela. Não ter saídas de ar traseiras é a única falha deste equipamento.

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O multimídia espelha sem fio o smartphone, estável e rapidamente. O computador de bordo é completo e oferece informações múltiplas e facilmente comutadas.

Seu display fica centralizado entre os ótimos mostradores analógicos, mas ele é monocromático, não é dos maiores e apresenta informações em tamanho apenas razoável.

O sistema de som é simples. Tem boa qualidade em todas as frequências, mas pouca potência para reproduzir músicas de aplicativos de streaming em alto volume, limitação recorrente em equipamentos não assinados por marca especializada em sonorização.

O volante traz os comandos para quase todos estes equipamentos e recursos. Os botões são bem dimensionados, distribuídos e identificados. Computador de bordo e telefonia à esquerda, controlador de velocidade à direita e sistema de áudio atrás. Esses últimos são de utilização “cega”, os mais seguros.

Os sensores traseiros de estacionamento são essenciais, pois o Pulse tem frente e traseira muito altas, assim como a coluna “C” avantajada. Fazem falta os sensores dianteiros e a câmara de marcha à ré com linhas guias dinâmicas, o conjunto que seria ideal para amenizar essas limitações de visibilidade.

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Rodando – A direção elétrica é muito leve em manobras, mas poderia ser mais progressiva, pois fica mais pesada do que o ideal em velocidades intermediárias. Rodas menores e pneus com ombros mais altos mudam a resposta direcional desta versão.

Ao esterçar, o Pulse Drive movimenta a carroceria lateralmente, mais do que a versão Impetus, essa equipada com rodas 17 polegadas e pneus mais baixos.

É uma reação que causa uma sensação de flutuação não muito agradável, mas este conjunto de rodas e pneus entrega mais conforto de marcha sobre pisos irregulares, com menor transferência de vibrações para o interior do SUV.

Uma nova estrutura da suspensão foi projetada para o modelo. Ela isola muito bem a cabine e entrega estabilidade em curvas, com inclinação contida da carroceria, em uma condução responsável.

Certamente, o monobloco reforçado influenciou neste comportamento. A estrutura não aparentou torcer ao circularmos em estradas de terra com grandes desníveis no piso, pois os painéis plásticos não rangiam, como é comum em monoblocos menos rígidos.

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Modelo surpreende em condições ruins de tração

A grande surpresa foi o comportamento do Pulse em estrada de areia fofa. No primeiro trecho crítico, sem ativarmos o TC+, ele quase atolou, pois o controle de tração agiu como faz sobre o asfalto, cortando a alimentação, visando diminuir o torque do motor, buscando retomar a tração.

No restante desta estrada, usamos o TC+. Passamos por diversos outros atoleiros. Mantendo marcha reduzida no modo manual, curso médio do acelerador para garantir giro próximo às 4.000 rpm, regime de maior torque deste motor, o Pulse CVT deslizou sobra a areia e respondeu bem ao contra esterço do volante, corrigindo a trajetória. 

Ele copiou grandes ondulações do piso sem bater o fundo do carro, trabalho difícil para veículos 4×2 e com suspensões normais, algo que percebemos ao encontrar no caminho diversas peças plásticas de acabamentos inferiores de para-choques deixadas por outros motoristas. 

O câmbio CVT com conversor de torque, conjunto pouco apreciado por quem gosta de carros para o fora de estrada, neste caso, se mostrou vantajoso.

Por não ter acoplamento físico por embreagem, sistema suscetível ao superaquecimento, ele manteve tração eficiente nos momentos mais difíceis, na travessia destas partes de areia mais volumosas.

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Enfim, o Pulse 1.3 CVT mostrou-se menos “SUV de shopping” do que os seus concorrentes que não contam com estes recursos.

Outra qualidade do câmbio CVT influencia no conforto acústico, este, muito superior ao entregue pelo câmbio manual.

A grande amplitude entre a marcha mais curta e a mais longa alcançável faz o motor 1.3 aspirado manter a sua rotação abaixo das 2.000 rpm circulando aos 110 km/h.

Relação até mais longa que estes mesmos equipamentos apresentaram na Strada CVT. Provavelmente, diferença no diferencial da picape que precisa ser mais curto para o modelo se deslocar melhor quando carregado.

Essa característica tornou o Pulse 1.3 CVT o modelo Fiat, bicombustível e automático, mais econômico que já avaliamos. A avaliação foi totalmente realizada no estado do Rio de Janeiro, na Região dos Lagos, em um percurso total de 527,8 km e com gasolina no tanque.

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Consumo – A média, circulando 70% em estradas e 30% em cidade foi de 18,1 km/l, conduzindo economicamente. Em longos trechos de estradas, nós atingimos ótimas médias. Na melhor delas, em um trecho de 158,5 km, o consumo foi de 21 km/l.

Quando avaliamos o Pulse com motor 1.0 turbo e câmbio CVT, ele estava com etanol no tanque. Sendo assim, não podemos comparar o consumo dos dois devido aos combustíveis distintos utilizados.

Seria possível que este conjunto sobrealimentado, usando gasolina, atingisse médias melhores do que estas que fizemos com o motor 1.3 aspirado, mas não acreditamos.

A Fiat optou por entregar ao mercado os motores turbo mais potentes do Brasil e, muito por isso, eles não são os mais econômicos. Não dá para ganhar nas duas pontas ao mesmo tempo.

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Desempenho – Mas, este conjunto do motor 1.3 aspirado com o câmbio CVT não entrega só vantagens. Por atingir seu torque máximo apenas às 4.000 rpm, o motor fica fraco antes das 3.000 rpm, exigindo maior curso no acelerador para o Pulse deslanchar.

Como recurso, o câmbio usa uma relação reduzida para o motor alcançar rotação ideal de torque rapidamente, mantém esse regime e vai multiplicando as relações para o SUV embalar.

Acusticamente, essa característica é um incômodo, algo que não ocorre com o motor 1.0 turbo, pois seu torque máximo encontra-se às baixas 1.700 rpm.

Com aceleração total, as sete marchas pré-programadas são comutadas em sequência, quase como um câmbio automático convencional, garantindo desempenho satisfatório em uma condução segura e responsável.

Este conjunto não deixa o Pulse muito esportivo, é certo. Ele necessita de 11,4 segundos para ir de 0 a 100 km/h, 2 segundos a mais do que com o motor 1.0 turbo.

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Mas, o conforto acústico com pouco curso no acelerador é igual e a economia de combustível é superior quando comparamos às versões turbo do Pulse, uma troca que pode ser muito interessante para quem busca mais eficiência energética do que desempenho.

Quando avaliamos a versão Drive manual do Pulse, informamos que valeria a pena pagar a diferença de R$ 8,29 mil para comprar a automática.

Agora, as duas versões estão mais caras, mas essa diferença caiu para R$ 7 mil, tornando a Drive 1.3 CVT ainda mais vantajosa.

Existem três pacotes de opcionais para essa versão. O conjunto mais caro custa R$ 4,23 mil e, em nossa opinião, é o melhor do trio.

Ele traz chave presencial e câmera de marcha à ré, equipamentos que mudam a usabilidade do modelo. Além desses itens, carregador de celular por indução eletromagnética e teto pintado em preto completam o pacote.

Acima desta versão, existe a Drive 1.0 turbo CVT. Custando R$ 8 mil a mais do que essa avaliada, ela só se justifica para quem quer mais desempenho, mesmo perdendo em economia de combustível.

20220507_121701Fotos: Amintas Vidal

*Colaborador

Acesse o nosso site: http://www.diariodocomercio.com.br

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