Peugeot 208 ganha aguardado motor turbo

Hatch passa a contar agora com a motorização 1.0 sobrealimentada na linha 2024

Amintas Vidal*    (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 15/09/2023)

de São Paulo (SP)

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Sucesso mundo afora, a segunda geração do Peugeot 208 chegou ao Brasil em 2020, ano em que se consagrou Car of the Year na Europa.

Em 2022, ele foi o modelo mais vendido naquele continente e, por aqui, recebeu o motor Firefly 1.0 aspirado de origem Fiat.

Essa iniciativa da Stellantis quase dobrou as vendas do 208 neste último ano, é verdade, mas a expectativa de o modelo receber o motor 1.0 turbo, juntamente com o 1.0 aspirado, foi frustrada.

Há dois meses, o 208 modelo 2024 foi lançado, apenas nas versões aspiradas. Nessa semana, finalmente, três novas versões turbinadas foram incorporadas à linha do 208!

Evolução sobrealimentada do Firefly 1.0 de três cilindros, este novo motor do Peugeot 208 é o GSE Turbo 200. Ele conta com o controle de válvulas MultiAir III, seu grande diferencial.

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Neste sistema, atuadores eletro-hidráulicos fazem uma ligação totalmente controlável entre o eixo de comando e as válvulas de admissão, permitindo variar a abertura delas em período, em amplitude e, até mesmo, em frequência.

Potência e CVT – Essa e outras inovações resultam em elevados números para um bloco de 999 cm³. Seu torque máximo é de 200 Nm (Newton-metro), número que batiza o motor, valor equivalente a 20,4 kgmf, sempre às 1.750 rpm, com ambos os combustíveis.

Em potência, ele atinge 130/125 cv às 5.750 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente.

Além de estrear o motor 1.0 turbo, o “nosso” 208 de segunda geração, modelo que é montado na Argentina para toda a América do Sul, recebe pela primeira vez um câmbio automático do tipo CVT, fornecido pela Aisin, empresa pertencente ao grupo Toyota.

Sistemas CVT variam, continuamente, inúmeras relações de marchas, entre a mais curta e a mais longa possível.

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Este câmbio Aisin conta com uma programação de sete (7) relações específicas para emular trocas de marchas manuais, cambiadas em sua alavanca ou comutadas automaticamente em acelerações mais vigorosas.

O acoplamento entre o motor e o câmbio é feito por um conversor de torque convencional.

Desenvolvidos em Betim (MG), protótipos do 208 turbo rodaram mais de 1 milhão de quilômetros na fase de testes, segundo a Peugeot.

Ele é o modelo mais leve a receber este powertrain da Stellantis. Com relações variando entre 8,9 kg/cv a 9 kg/cv, dependendo da versão, a Peugeot declara que o 208 turbo pode atingir 100 km/h em 9 segundos e 205 km/h de velocidade máxima.

Para adequar o modelo ao ganho de desempenho, as suspensões das versões turbinadas foram reajustadas, seu sistema de direção foi recalibrado e novas pinças de freio foram adotadas.

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Mudanças nos chicotes elétricos, nos sistemas de arrefecimento e de refrigeração, nos dutos de admissão de ar, no catalisador e em parte da estrutura frontal complementam as diferenças técnicas destas novas versões em relação às com motor aspirado.

Versões e Preços – Disponível desde o mês de julho, a linha 2024 do Peugeot 208 manteve quatro versões aspiradas: Like (R$ 75,99 mil), Style (R$ 86,99 mil), Active (R$ 97,99 mil) e Road Trip (R$ 102,99 mil).

As duas primeiras contam com o motor Firefly 1.0 e câmbio manual. Já as duas últimas são equipadas com o motor 1.6 16V e câmbio automático de seis (6) marchas.

Agora, o Peugeot 208 com o motor GSE Turbo 200 e câmbio CVT chegou em três versões: Allure (R$ 99,99 mil), Style (R$ 109,99 mil) e Griffe (R$ 114,99 mil).

Allure – A primeira versão, Allure Turbo 200 CVT, conta com todos os itens da versão Active 1.6 16V com câmbio automático.

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Os principais são: central multimídia Peugeot Connect de 10,3 polegadas com conexão wireless (Android Auto e Apple CarPlay); ar-condicionado automático e digital; direção com assistência elétrica; vidros elétricos nas quatro portas; volante Sport Drive com comandos de som; sensor de estacionamento; câmera de ré; quatro airbags; controles de tração e de estabilidade; DRL em LED e as novas rodas Kanobi aro 16 polegadas, diamantadas e com fundo preto.

Essa versão conta com o pacote opcional Excellence (R$ 5 mil). Seus equipamentos são: teto panorâmico; carregador de celular por indução; iluminação interior traseira; revestimento em material sintético que imita o couro para volante, painel de porta, bancos e apoio de braço para o motorista e o sistema de chave presencial com travamento e destravamento das portas por aproximação e partida do motor com acionamento por botão.

Style – Como ocorreu no lançamento do 208 com o motor Firefly, a versão Style é o “carro de trabalho” na divulgação da motorização turbo.

Além de ser mais equipado que o 208 Style aspirado, o Style Turbo 200 CVT tem equipamentos e rodas exclusivos.

Entre os equipamentos compartilhados, ele traz todos os itens da Allure, os opcionais do pacote Excellence (exceto os revestimentos em couro) e alguns sistemas da versão superior, a Griffe. Os principais são: cluster i-Cockpit 3D; câmera Visionpark 180º e faróis em full LED.

Mas, o 208 Style Turbo 200 CVT é a única versão que conta com a roda Bronx aro 17 polegadas calçada com pneu 205/45 R17, equipamento de série na versão.

Os bancos em tecido, couro e Alcântara com costuras e bordados em linha azul claro, soleiras Peugeot, pedais esportivos em alumínio e tapetes bordados, também fazem parte dos itens que só essa versão Style turbinada traz de série.

Finalizando, o Mopar Pack Launch (R$ 5 mil) é um pacote de acessórios disponível para toda a linha 208.

Externamente, ele traz um conjunto de peças aerodinâmicas e uma ponteira para o escapamento que tem um visual mais esportivo. Discretas e bonitas, essas peças incrementam o modelo sem deixá-lo com cara de carro tunado.

Internamente, luzes brancas no plafon, luz ambiente na parte baixa da cabine e luz de cortesia sob as portas dianteiras, do tipo que projeta a marca da Peugeot no chão quando elas estão abertas, completam este conjunto de acessórios instalados nas concessionárias da marca.

Griffe – Posicionada como a versão de topo da gama 208, a Griffe Turbo 200 CVT se diferencia por seus recursos de segurança e tecnologia inexistentes no resto da linha.

São eles: seis airbags; sensores de chuva e crepuscular e o sistema auxiliar Peugeot Driver Assist.

Este conjunto de auxílio à condução semiautônoma traz o alerta de colisão eminente, a frenagem automática de emergência, o alerta de saída de faixa com correção para permanência na mesma, a comutação automática dos faróis alto e baixo, o reconhecimento automático da sinalização de velocidade e o detector de fadiga do motorista.

Primeiras impressões mostraram um modelo confortável e ágil

No evento de lançamento, tivemos um breve contato com o 208 Style Turbo 200 CVT.

Saímos de São Paulo (SP), pela Rodovia dos Imigrantes, até Cubatão (SP). Voltamos pela clássica Rodovia Caminho do Mar, aproximadamente, 110 km no total. Percurso dividido com outro jornalista.

Na ida, sobre asfalto quase perfeito, a versão se mostrou confortável para um hatch compacto com rodas de 17 polegadas. A ergonomia esportiva do modelo, banco baixo, volante pequeno e pedais corretamente alinhados com os mesmos fizeram ainda mais sentido com este motor turbo.

As acelerações do motor 1.0 turbo são muito mais intensas que as do motor 1.6 aspirado. Com pouco curso no acelerador, o carro já fica responsivo e mostra agilidade no trânsito urbano.

Pisando fundo em rodovias, ele retoma rapidamente, partindo de velocidades variadas, e o motor sobrealimentado se mostra eficiente em diversos regimes de rotação. Como não poderia deixar de ser, o retorno na rodovia sinuosa foi a melhor parte do percurso.

Bom de Curva – Tradicionalmente um modelo bom de curva, contando com o menor volante da categoria, subir a serra com o 208 foi um misto de prazer ao volante com uma dose necessária de paciência, pois a velocidade permitida nos trechos mais divertidos é bastante limitada, uma vez que a área é, atualmente, um parque de preservação ambiental.

Mesmo assim, foi possível perceber que o hatch com este motor turbo pode entregar muito desempenho e diversão em vias sinuosas e mais adequadas a velocidades maiores.

Infelizmente, seu volante não foi projetado para receber paddle shifters, aletas para as trocas manuais de marchas, segundo a Peugeot.

Porém, comutando na alavanca, o sistema se mostrou permissivo o suficiente para ajudar na tocada esportiva ou nas reduções para economizar combustível.

Outra limitação do volante é não ter espaço frontal para o botão Sport, tecla que foi posicionada em uma parte muito baixa do painel.

Quando acionada, os parâmetros de condução melhoram o desempenho, deixam mais diretas as respostas do motor ao curso do acelerador, mas não é um recurso tão necessário, pois o carro, normalmente, já responde bem.

Mas, como esperado, no asfalto remendado os pneus de 17 polegadas e medida 205/45 transferem mais vibrações para a cabine do que os modelos de 16 polegadas e medida 195/55 usados nas outras versões.

Fotos: Pedro Bicudo / Stellantis / Peugeot / Divulgação

Na verdade, por ser leve e ter um acerto que ainda preserva o conforto, acreditamos que o 208 nessa configuração mecânica já está próximo ao seu limite dinâmico.

Caso a Peugeot queira resuscitar a versão GT que existiu na primeira geração do 208, equipando-o com o motor THP de 173 cv, ou mesmo com o GSE Turbo 270 da Stellantis, propulsor que chega aos 185 cv, ela terá que sacrificar o conforto e a altura em relação ao solo do modelo para manter este “leão” grudado ao chão.

Além destas três versões impulsionadas por um motor turbo, o grande apelo comercial do momento, a Peugeot divulgou que, promocionalmente, as três primeiras revisões do 208 custarão R$ 530,00.

Com essas novidades, a linha 208, que já é a mais vendida da marca, tem tudo para ampliar sua participação no segmento de hatches compactos.

*o colaborador viajou a convite da Peugeot

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