BYD Shark é a primeira picape híbrida à venda no Brasil

Modelo médio chinês se destaca pelo ótimo desempenho e acabamento superior

Amintas Vidal*

de Goiânia (GO)

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Com o slogan “potente como o agro”, a picape híbrida BYD Shark foi lançada em Goiânia (GO), a capital do estado com a maior produtividade agrícola por hectare do nosso País.

Não por acaso, também, cidade que pertence ao centro-oeste brasileiro, região com a maior frota de picapes do Brasil.

Em volta única na pista do Autódromo Internacional Ayrton Senna, e outra em um lamaçal, foi possível ter uma idéia do resultado de tanta característica moderna concentrada em um tipo de veículo que, normalmente, costuma ser mais “raiz”, carregando arquitetura e mecânica mais antigas.

Está aí o grande trunfo da Shark, ter uma concepção totalmente diferente das suas concorrentes. A picape média chega ao mercado nacional com o preço de R$ 379,88 mil, mais cara do que as versões topo de linha de outros modelos do segmento.

Teoricamente, essa diferença poderia ser bem menor, pois a BYD anunciou inúmeras vantagens casadas a este valor inicial da Shark, e o modelo foi ofertado em versão única e completa.

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Se o lançamento contemplasse outra versão mais básica, e sem os produtos e serviços “gratuitos” agregados, a Shark poderia chegar com valores mais próximos aos das concorrentes.

Atualmente, valorizamos os veículos que são equipados com sistema avançado de assistência à condução completo, como é o caso da Shark, muito porque os carros que concorrem em um mesmo segmento são muito similares em diversos parâmetros, ficando estes recursos como o diferencial entre um e outro.

Mas, a existência destes recursos na Shark está longe de ser a sua maior vantagem. O que mais tem na Shark são tecnologias inexistentes em picapes médias, desde a arquitetura, passando pelo conjunto motriz e terminando no elevado nível do acabamento

E este último, vale destacar, só é encontrado nas picapes grandes e que custam a partir de R$ 500 mil.

Basicamente, ter cabine e caçamba acopladas sobre chassi é a grande semelhança da Shark com os outros modelos de picapes médias.

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Mesmo assim, esse chassi já é muito mais moderno, pois parte da sua estrutura é feita pelo conjunto de baterias que ficam alojadas em sua porção central.

Denominado CTC (cell to chassis), contando com uma bateria Blade (LFP), essa base integra a nova plataforma DMO, projetada para unir a eletrificação à capacidade off-road, segundo a BYD.

Essa bateria Blade, patente da BYD, tem capacidade de 29,6 kWh, nesta configuração dimensionada para um sistema híbrido.

Tendo a maior capacidade entre os modelos similares, ela permite um deslocamento 100% elétrico de até 100 km, no parâmetro NEDC, e 57 km, no PBEV.

O conjunto híbrido conta com dois motores elétricos. O acoplado ao eixo dianteiro entrega 231 cv de potência e 310 Nm de torque. O segundo traciona as rodas traseiras, tem potência de 204 cv e torque máximo de 340 Nm.

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O motor movido à gasolina é posicionado longitudinalmente na dianteira. Ele tem volume de 1.5 litros, conta com sobrealimentação por turbo compressão e desenvolve 186 cv de potência às 6.000 rpm e  260 Nm de torque às 4.500 rpm.

Todo este conjunto, assim como um terceiro motor gerador, está disposto em linha e em posição longitudinal.

Ele resulta em uma potência combinada de 437 cv, força suficiente para deslocar o seu peso de 2.710 kg (com o tanque cheio) a uma aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 5,7 segundos, tempo que muito carro esportivo não atinge.

O motor à combustão funciona, prioritariamente, como gerador de energia às baterias, ao acionar o motor gerador.

Apenas em condições extremas de aceleração, ele trabalha tracionando a picape, juntamente com os outros dois motores elétricos principais.

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Além da regeneração interna de energia, a Shark conta com tomadas CS2 Type C, permitindo recarga em equipamento AC em até 6 kW/h, e em unidades DC, em até 55 kW/h.

Quando a bateria está 100% carregada, e o tanque de gasolina está cheio, a picape híbrida pode atingir até 840 km de autonomia.

Ampliando os diferenciais do modelo, a Shark conta com suspensões independentes nos dois eixos e discos de freios ventilados nas quatro rodas, outro conjunto inédito em picapes vendidas no Brasil.

Menos dispare que essas comparações técnicas entre a Shark e as outras picapes médias, suas dimensões também são superiores.

Números da BYD Shark: 5,45 metros de comprimento; 1,97 metro de largura; 1,92 metro de altura e 3,26 metros de distância entre-eixos.

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Sua caçamba comporta um volume de 1.200 litros, sua capacidade de carga total é de 790 kg e ela pode rebocar até 2.500 kg. No tanque de gasolina cabem 57 litros.

A vantagem dimensional externa se reflete internamente. A Shark tem espaço de sobra para cabeças, ombros e pernas de quatro adultos.

Um quinto adulto consegue se acomodar com conforto ao centro do banco traseiro, mas sem sobras.

Característica comum em picapes e, também, em modelos eletrificados, o assoalho atrás é mais alto e deixa as pernas um pouco elevadas em relação ao assento traseiro.

Mas, o que enche os olhos de todos é a qualidade dos materiais de acabamento e da construção das peças internas.

Praticante todas as superfícies são macias ao toque, emborrachadas ou acolchoadas. Mesmo os plásticos rígidos, que são minoria, têm qualidade superior percebida.

Em acabamento, a Shark é comparável às picapes grandes, modelos considerados premium.

Seus equipamentos são modernos e completos. O único que sentimos falta foi o teto solar panorâmico. No mais, não falta nada.

Bancos com controles elétricos, ventilação e aquecimento, head-up display, quadro de instrumentos digital de 10,1 polegadas, multimídia giratória de 12,8 polegadas, câmera 360 graus de alta definição e ar-condicionado de duas zonas com operação remota por aplicativo são os mais incomuns ao segmento.

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Em termos de segurança, o modelo é bastante completo. O pacote de ADAS conta com todos os recursos que são oferecidos no Brasil, exceto a manobra automática de estacionamento: ACC; frenagem automática de emergência; alerta de saída de faixa com correção de trajetória; alerta de presença no ponto cego e comutação automática dos faróis são os principais.

Em nosso primeiro contato com a picape demos uma volta na pista e, também, jogamos a Shark na lama.

Mesmo sendo um contato breve, ficamos impressionados com a desenvoltura da picape em ambos os ambientes.

Sem aquele coice comum a alguns elétricos, a picape híbrida arranca com desenvoltura e cumpre o 0 a 100 km/h a contento. Aparentemente, próximo ao tempo indicado pela montadora.

Com suspensão macia, característica de modelos BYD, ela é muito mais confortável do que suas concorrentes.

Sua cabine não oscila em alta frequência como as outras picapes e o conforto ao rodar é similar ao de um sedan grande.

Essa característica é, certamente, resultado das modernas suspensões independentes e dos altos pneus 265/65 R18.

Em curvas, ela aderna um pouco, em princípio, mas apoia e completa o contorno com segurança, certamente auxiliada por muita eletrônica. Na lama, o desempenho foi até mais surpreendente.

Com um controle individual de rotação de cada roda, assim como um torque combinado de 65 kgfm, a Shark entrou e saiu de inúmeros atoleiros sem dificuldade.

Foi notório que a eletrônica era capaz de enviar torque apenas para as rodas que poderiam desatolar a picape.

Quando o eixo traseiro ficou caído no começo de uma vala, com Shark inclinada para trás, somente as rodas dianteiras foram acionadas, evitando que a traseira caísse na vala, algo que nunca vimos em outros modelos 4×4.

Não sabemos se a Shark alcançará o mesmo sucesso dos outros modelos BYD a venda no Brasil, mas saímos do evento de lançamento muito bem impressionados com a picape.

Acreditamos que ela tem potencial para tirar compradores das concorrentes médias e grandes, mas a BYD precisará mostrar que a novidade tem diferenciais para ser a mais cara do segmento médio, mercado pretendido por ela.

Fotos: BYD / Divulgação

*o colaborador viajou  a convite da BYD

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