Pulse Drive CVT continua competitivo no mercado

Já na linha 2025, SUV automático de entrada da Fiat ainda tem preço atraente

Amintas Vidal*

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Ter um utilitário esportivo (SUV) com câmbio automático virou um sonho de consumo nacional. Tamanha é a demanda, que ela está ameaçando a soberania dos hatches no segmento de carros de entrada.

Para aproveitar o modismo, algumas montadoras transformaram estes mesmos modelos em SUVs. Fiat Pulse, Volkswagen Nivus e Renault Kardian surgiram de hatches reprojetados para serem os utilitários esportivos de acesso destas marcas.

A Fiat foi além. Ela também ofereceu o Pulse automático com motor aspirado, tornando-o mais barato que alguns concorrentes, pois todos são equipados com motor turbo.

Veículos recebeu o Pulse Drive 1.3 CVT para avaliação. No site da montadora, seu preço sugerido é R$ 115,99 mil. Neste valor, a carroceria vem na cor preta sólida.

As outras cores sólidas custam R$ 990,00, as metálicas têm o preço de R$ 1,99 mil e este cinza especial, da unidade avaliada, sai por R$ 1,49 mil.

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Os equipamentos mais relevantes do Pulse Drive são: multimídia com tela de 8,4 polegadas e Apple CarPlay e Android Auto sem fio; ar-condicionado digital; direção elétrica; volante com regulagem em altura e comandos de áudio, telefonia, computador de bordo e controlador de velocidade; vidros elétricos com comandos por um toque e rodas em aço com calotas e pneus 195/60 R16.

Segurança – No que diz respeito à segurança, os principais equipamentos são: quatro airbags; controles de tração e estabilidade; controle de saída em inclinações; TC+ (controle de arrancada com baixa aderência); faróis e lanternas em LED e sensor de pressão dos pneus.

Até a linha 2023, essa versão era equipada, de série, com rodas de liga leve e sensores de aproximação traseiros.

Desde a gama 2024, estes dois equipamentos fazem parte do opcional Pack Plus, que também traz a câmera de marcha à ré, tudo custando R$ 2,89 mil.

Motor e Câmbio – O motor do Pulse Drive é o Firefly 1.3 aspirado. O bloco com quatro cilindros tem comando simples tracionado por corrente e oito válvulas com variação de abertura na admissão e na exaltação.

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Sua taxa de compressão é alta, 13,2/1. Ele atinge a potência de 107/98 cv às 6.250 rpm e torque de 13,7/13,2 kgfm às 4.000 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente.

O câmbio é o automático CVT, o sistema que tem a variação continua das relações de marchas. A Fiat programou sete (7) relações específicas para simular o uso de marchas escalonadas, no modo manual ou quando o motor é mais exigido.

O Pulse Drive CVT pesa 1.187 kg, resultando em 11,09 kg/cv e 86,6 kg/kgfm. Segundo a fabricante, ele acelera de 0 a 100 km/h em 11,4 segundos e atinge velocidade máxima de 177 km/h.

Design – Externamente, o Pulse é um SUV esteticamente diferenciado do Argo, seu hatch de origem.

A Fiat informa que neste novo projeto foram usados aços especiais nas modificações da plataforma que tornaram o utilitário esportivo mais seguro que o modelo de dois volumes. O reprojeto encorpou o Pulse em relação ao Argo.

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Suas medidas são: 4,10 metros de comprimento (11 cm a mais nos para-choques); 1,78 metro de largura (ganho de 6 cm nas molduras das caixas de rodas); 1,58 metro de altura (rodas maiores, suspensões elevadas e rack computaram 7,8 cm) e 2,53 metros de distância entre-eixos (1,1 cm a mais por mudança na ancoragem da suspensão).

Para o fora de estrada, o Pulse Drive CVT conta com os seguintes números: 20,3° de ângulo de entrada; 31,4° de ângulo de saída; 21,3° de ângulo central e 188 mm de vão livre do solo. Sua capacidade de submersão é de 40 cm.

Aferido em litros líquidos, seu porta-malas comporta 370 litros. No tanque de combustíveis cabem 47 litros. Essa versão tem carga útil de 400 kg, mesmo peso que ela reboca em carreta sem freio.

Interior – Internamente, a Fiat não economizou no Pulse. Painéis inteiramente novos foram projetados. Orientados na horizontal, eles ficaram atuais e deixaram a cabine arejada.

Redesenhados, os bancos dianteiros ganharam novas formas e espuma mais rígida que seguram e sustentam melhor o corpo.

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A versão Drive é simplificada. Tirando o friso cinza do painel principal, todas as outras partes são feitas em plástico rígido preto, sem aplicação de cores e apenas com algumas texturas.

Pequenas peças têm detalhes imitando alumínio ou cromado, melhorando a aparência das mesmas. O tecido dos bancos também é simples, monocromático, preto e cinza.

Na cabine do Pulse, quatro adultos e uma criança se acomodam com conforto para um modelo compacto, sem sobras. Em relação ao Argo, o Pulse tem ergonomia mais acertada.

Além dos bancos dianteiros melhores, volante e pedais estão mais alinhados e os botões dos vidros elétricos estão menos recuados, mais ao alcance das mãos.

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Controles – Os inúmeros equipamentos internos são controlados por botões físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.

Alguns sistemas apresentam operação duplicada, além dos botões, eles podem ser controlados por meio de páginas dedicadas e toques na tela do multimídia.

O ar-condicionado de zona única é eficiente em volume de ventilação, tempo de resfriamento e manutenção da temperatura.

Ventilação e temperatura são ajustadas por rotação em um único botão, bastando pressioná-lo para comutar entre as duas funções.

As operações comandadas aparecem em barras na tela do multimídia. Este é um dos sistemas que também tem página dedicada. Não ter saídas de ar na traseira é a sua única falha.

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Multimídia – O multimídia espelha sem fio o smartphone, estável e rapidamente. A tela de 8,4 polegadas não está entre as maiores, mas em brilho, velocidade e sensibilidade, o equipamento é atual.

O computador de bordo é completo e oferece informações múltiplas, configuráveis e corretamente sequenciadas.

Seu display fica alojado entre os ótimos mostradores analógicos, mas ele também não é grande e, por isso, apresenta números e letras em tamanho apenas razoáveis.

O sistema de som é simples. Tem boa qualidade em todas as frequências, mas pouca potência para reproduzir músicas de aplicativos de streaming em alto volume, limitação recorrente em equipamentos não assinados por marca especializada em sonorização.

Com ótima empunhadura, o volante traz muitos comandos. Seus botões são grandes e bem distribuídos.

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Computador de bordo e telefonia à esquerda, controlador de velocidade e tecla Sport à direita e sistema de áudio atrás, estes “cegos”, os mais seguros.

SUV é confortável, mas desempenho fraco do motor exige atenção para ultrapassagens

A direção elétrica é muito leve em manobras, mas poderia ser mais progressiva, pois fica mais pesada que o ideal em velocidades intermediárias. Nas altas, o peso é compatível.

Os sensores de estacionamento traseiros, que viraram opcionais, fazem falta. O Pulse tem frente e traseira altas, assim como a coluna “C” avantajada.

Pelos sensores, e pela câmara de marcha à ré, vale a pena comprar o opcional. Ter rodas em liga leve é uma questão estética pessoal.

O Pulse Drive é a versão com melhor conforto de marcha. Pneus com ombros mais altos melhoram o amortecimento primário.

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Além de isolar muito bem a cabine das irregularidades no asfalto, o conjunto é mais eficiente nas oscilações e transposições em estradas de terra.

Mesmo com este acerto mais confortável, o Pulse Drive não aderna tanto em curvas, se considerarmos a sua altura.

Mas, nas trocas rápidas entre faixas, o SUV passa uma sensação de flutuação não muito agradável. Porém, conduzindo responsavelmente, ele é seguro.

“Off-Road” – Na avaliação do Pulse Drive 2022, o SUV se deu bem transpondo diversos atoleiros de areia fofa.

Usamos o TC+, mantivemos marcha reduzida no modo manual e curso médio do acelerador para garantir giro próximo às 4.000 rpm, regime de maior torque do seu motor.

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Ele deslizou sobre a areia e respondeu bem ao contra esterço do volante, corrigindo a trajetória. Ao contrário de outros veículos 4×2 que passavam neste caminho, o Pulse copiou as grandes ondulações do piso sem bater os para-choques ou o fundo do carro.

Vale destacar que o câmbio automático, por não ter acoplamento físico por embreagem, sistema suscetível ao superaquecimento, ajudou nessa travessia.

Também, por contar com este recurso de tração avançada (TC+), o Pulse Drive mostrou-se menos um “SUV de shopping”.

Agora, na avaliação do Pulse Drive CVT 2024, fizemos nosso teste padrão com apenas o motorista e uma viagem de 1.500 km ao litoral com três adultos e bagagem para uma semana.

Surpreendentemente, o conforto de marcha não alterou muito com o peso extra. Em pisos regulares, o Pulse Drive ficou até mais confortável, pois o conjunto de suspensões diminuiu a frequência de trabalho e, inclusive, a flutuação vertical foi amenizada.

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Mas, com o encurtamento do curso das suspensões, ao passar por lombadas, buracos e remendos nos asfalto, essas irregularidades foram bem mais sentidas na cabine.

Desempenho – Quanto ao desempenho, temos dois cenários distintos. Este conjunto de motor e câmbio é justo para o Pulse, mas nada esportivo. Com pessoas e bagagem, é necessário cautela.O sistema deixa a relação de marcha longa, o giro baixo e o SUV solto.

Na relação mais longa do CVT, que não é a sétima marcha programada, aos 90 km/h o motor trabalha às 1.700 rpm, e aos 110 km/h, às 2.100 rpm, bom para o silêncio a bordo e para a economia de combustível.

Neste acerto, o carro desloca por inércia, como apreciamos. Mas, para um motor aspirado, a faixa de rotação fica distante da qual ele atinge o seu torque máximo, às 4.000 rpm. Mesmo assim, ele responde bem ao curso do acelerador, se necessário, mantendo baixas velocidades.

Para deslanchar, mesmo, basta pisar fundo que o CVT acorda, joga uma relação curta para elevar o giro rapidamente, segura a rotação no alto e vai multiplicando as relações.

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Porém, pesado, ele dá mais trabalho. Em estradas acidentadas é preciso ativar a tecla Sport constantemente para elevar bem o giro e não deixar cair o ritmo de viagem.

No caso de ultrapassagens, a ação exige antecipação e espaço de sobra para ser executada com segurança.

Consumo – Em nossos testes padronizados de consumo, abastecido com etanol, o Pulse Drive CVT foi relativamente econômico.

No circuito rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. Na volta mais lenta atingimos 13,9 km/l. Na mais rápida, 12,2 km/l.

No teste de consumo urbano rodamos por 25,2 km em velocidades entre 40 e 60 km/h, fazemos 20 paradas simuladas em semáforos com tempos cronometrados entre 5 e 50 segundos e vencemos 152 metros de desnível entre o ponto mais baixo e o mais alto do circuito. Neste severo teste, o SUV atingiu a média de 7,3 km/l, também com etanol.

20240709_161014Fotos: Amintas Vidal

Na viagem de ida, ainda com etanol, registramos bons 13,3 km/l saindo da cidade mais alta (1.800 metros) para a mais baixa, ao nível do mar. Na volta, com gasolina, atingimos 16,7 km/l.

Além de ser um dos utilitários esportivos mais em conta do mercado, o motor aspirado do Pulse garante menor custo de manutenção, duas qualidades que superam a concorrência.

*Colaborador

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