Jeep Compass Blackhawk é a versão topo de linha do SUV médio

Motor 2.0 turbo é o grande diferencial desta novidade da linha 2025

Amintas Vidal*  (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 10/01/2025)

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Em novembro do ano passado, avaliamos o Jeep Compass Longitude, versão mais vendida do modelo.

Agora, passamos uma semana com a Blackhawk, variante equipada com o motor Hurricane 4, o mais potente oferecido entre todos os modelos nacionais da Stellantis.

O Compass 2025 está muito bem equipado em todas as versões e não existem diferenças extremas entre elas.

Mas, este motor 2.0 turbo, em comparação ao 1.3 turbo que equipa a Longitude e outras versões, transforma completamente a dinâmica do Compass.

Veículos recebeu o Jeep Compass Blackhawk Hurricane, linha 2025, para avaliação. Versão de topo de linha, seu preço é R$ 285,59 mil na cor sólida preta, segundo o site da montadora. As cores metálicas custam R$ 2,20 mil e, as perolizadas, R$ 2,50 mil.

O Compass Blackhawk não tem opcionais. Seus equipamentos de série diferenciados são: teto solar panorâmico e retrátil; porta-malas com abertura elétrica e sensor abaixo do para-choque; bancos frontais com comandos elétricos; sistema de estacionamento assistido; página no painel de instrumentos dedicada à performance; rebatimento elétrico dos retrovisores; sensor de estacionamento dianteiro; carregador de celular ventilado; Alexa à bordo e conectividade com smartphone;  teto pintado de preto e pinças de freio em vermelho, entre outros.

Seus recursos de direção semiautônoma são os mais completos existentes entre os Jeep nacionais: piloto automático adaptativo; alerta de saída de faixa com correção ativa; alerta de colisão eminente; frenagem automática de emergência; detecção de tráfico no ponto cego; detecção de tráfego cruzado; comutação automática do farol alto e leitor de placas.

Completando a lista dos dispositivos de segurança, os destaques são: sete airbags; ABS; controles eletrônicos de estabilidade, tração e anti-capotamento; assistente de partida em rampa e de retenção em semáforo; sensores de chuva e crepuscular; DRL, faróis e lanternas em LED; sensor de estacionamento traseiro; câmera de marcha à ré; alerta de fadiga do motorista e monitoramento de pressão dos pneus.

Motor e Câmbio – O motor desta versão, como informamos anteriormente, é o Hurricane 4. Este propulsor movido somente à gasolina pertence à família GME (sigla inglesa para Motor Médio Global) da Stellantis.

Ele é equipado com turbocompressor twin-scroll de baixa inércia, válvula de alívio eletrônica e a recirculação dos gases do seu sistema de escapamento é refrigerada.

Feito em alumínio, contando com injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas tracionado por corrente e tecnologia de abertura variável das mesmas, na admissão e no escape, ele rende 272 cv de potência às 5.200 rpm e 40,8 kgfm de torque máximo às 3.000 rpm.

Seu câmbio é automático de nove (9) marchas, acoplado por conversor de torque. Essa transmissão é a mesma usada com o motor Multijet 2.0 turbodiesel e conta com tração 4×4 com programação automática ou dedicada para areia e lama ou neve.

Existem padleshifiters atrás do volante para a comutação manual das marchas. Pesando 1.720 kg, tendo relações de 6,32 kg/cv e 42,15 kg/kgfm, o Compass Blackhawk acelera de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos e atinge 228 km/h de velocidade máxima, segundo a Jeep.

Design – Desde seu lançamento, em 2016, o Compass apresenta um design externo muito bem resolvido, forte motivo do seu grande sucesso.

Na linha 2022, ele recebeu retorques externos e interior quase completamente novo, corrigindo a cabine, parte menos elaborada.

Agora, na linha 2025, as versões Blackhawk e a Overland, que utilizam este mesmo motor, são as novidades.

Elas trazem um novo desenho na grade que fecha as sete fendas, modificação necessária para ampliar a passagem de ar para os seus radiadores, também maiores.

A versão Blackhawk é baseada na S, tanto no visual, como na lista de equipamentos. As saídas duplas e separadas do escapamento, as pinças de freio em vermelho, as rodas pretas e com novo design e os grafismos temáticos no painel digital são as diferenças entre elas.

Interior – No mais, o interior de ambas é o mesmo que estreou em 2022. O painel principal é horizontal e as suas partes e os equipamentos de bordo são, predominantemente, retangulares com as laterais chanfradas, criando um conjunto linear e dinâmico.

Todos os revestimentos e plásticos da cabine são escurecidos. As partes superiores do painel e das portas são emborrachadas e têm costuras verdadeiras. O centro do painel principal é revestido com material sintético que imita o couro, na cor cinza.

Os bancos combinam este material sintético, porém na cor preta, e camurça, tudo costurado com linha aparente, sendo que algumas costuras são feitas em formato de diamante.

Emoldurando todo este painel, friso metálico escuro e com largura variável confere acabamento superior, digno de modelo premium, e camufla as saídas de ar das extremidades. Essas ficaram estreitas, muito elegantes, porém, dificultam a vazão do ar refrigerado.

Ergonomia – Acompanhando este esmero, o Compass tem ótima ergonomia. Todos os comandos estão à mão e os equipamentos têm botões físicos para quase todas as funções, arquitetura ideal.

O banco do motorista está alinhado com o volante e os pedais. Assentos e encostos dos bancos, nas quatro posições principais, apoiam bem os ocupantes. Maçanetas, puxadores e botões de abertura dos vidros estão bem posicionados.

Para um SUV médio, a posição ao volante não é tão alta. É possível ficar mais recostado que ereto ao comando do Compass.

Atrás de um motorista com 1,70 metro de altura, uma pessoa com essa mesma estatura tem 20 cm entre os seus joelhos e o encosto do banco frontal.

Com o banco todo recuado, ainda sobram quase 10 cm para as suas pernas. O assento do banco traseiro é baixo e deixa as pernas de todos um pouco elevadas. Ao centro deste, uma criança viaja com conforto, pois o túnel central é largo e apoia pés pequenos.

Suas principais medidas são: 4,40 metros de comprimento; 2,64 metros de distância entre-eixos; 1,82 metro de largura e 1,64 metro de altura.

No seu porta-malas cabem 410 litros de bagagem e, em seu tanque, 55 litros de combustível. Ele suporta carga total de 400 kg e pode rebocar este mesmo peso.

Suas medidas para o fora de estrada são: vão livre de 1985 mm; 21,7° de ângulo de entrada; 28,5° de ângulo de saída e 21,2° de ângulo central.

Multimídia – O interior que estreou em 2022 corrigiu falhas do antigo. O painel e todos os equipamentos de bordo foram elevados fisicamente.

O multimídia está destacado no limite visual da base do para-brisa e entrou na área de visão periférica do motorista.

Com 10,1 polegadas, este é o melhor multimídia nacional em definição de imagem, sensibilidade ao toque e velocidade de processamento.

A versão Blackhawk recebeu, de série, a internet embarcada e o sistema Adventure Intelligence Plus com Alexa.

Com este recurso, oito aparelhos podem usufruir do sinal ao mesmo tempo. Uma central de atendimento foi estruturada para receber chamadas do motorista e auxiliá-lo com informações diversas ou enviar assistência mecânica e/ou de resgate.

Além destas conveniências, por meio de um aplicativo para celular é possível verificar parâmetros do carro, ligar e desligar o motor e ativar muitas outras funções remotamente.

Tecnologias – O som, assinado pela marca Beats, tem boa distribuição espacial e potência para reproduzir músicas via streaming em volumes altos. As frequências graves se destacam neste sistema.

O ar-condicionado de duas zonas é eficiente em tempo de resfriamento e manutenção da temperatura. As saídas estreitas reduzem o volume da ventilação ou a torna ruidosa. Ter as saídas duplas traseiras diminui a necessidade de aumentar a velocidade da ventilação.

O quadro de instrumentos digital também é dos melhores existentes. Ele é configurável em diversos lay-outs distintos, cada um privilegiando dados correlatos.

Nesta versão, existe um dedicado aos parâmetros do motor. Torque, potência e pressão do turbo instantâneos ficam destacados.

Oferecido como opcional na versão Sport, e de série em todas as outras, o sistema de ADAS também foi aprimorado na linha 2025.

Agora, além da correção de saída de faixa, existe a centralização nas mesmas, recurso que funciona em estradas, pois é ativado acima dos 60 km/h. Tanto estes recursos, como o piloto automático adaptativo, foram muito precisos nas avaliações.

Em estradas, o sistema reconhece as faixas bem pintadas, faz as curvas em raio correto e também reconhece os carros mais lentos à frente com antecedência suficiente para desacelerar sem assustar o motorista. Na cidade, ocorreram alguns atrasos, mas nada que fizesse os freios travarem brutalmente.

O volante é igual ao que estreou em 2022, mas recebeu sistema capacitivo que reconhece se as mãos do motorista estão, ou não, em contato com o mesmo. Assim, ele evita uso do ADAS por tempo exagerado sem o monitoramento do condutor.

A direção com assistência elétrica é leve em manobras de estacionamento. Ela fica mais pesada do que o ideal em velocidades médias e altas. Poderia ser mais progressiva, mas combina com ao desempenho verdadeiramente esportivo do SUV.

Modelo apresenta qualidades que o tornam um utilitário verdadeiramente esportivo

Por sinal, a grande diferença entre os Compass 1.3 e 2.0 turbo está na dinâmica, pois o novo motor e as modificações nas suspensões e freios deixaram as novas versões, Blackhawk, e Overland, muito mais esportivas.

A primeira diferença percebida ocorre ao sair da inércia. Mesmo não contando com torque máximo antes das 3.000 rpm, o Compass 2.0 turbo a gasolina fica muito vivo em qualquer situação.

Ao mínimo curso do acelerador ele desloca o SUV médio como se fosse um compacto, confere agilidade que as versões com motor 1.3 e a diesel não têm. Já em deslocamento, ele continua reativo, porém, mais dócil, progressivo.

Com curso total no pedal, ele acelera muito rápido mas, mesmo com tanta potência despejada, ele se mantém tracionado e com ótimo controle direcional, apesar de cantar um pouco os pneus no início da tração. A aceleração impressiona.

Em velocidades mais altas, a nova calibragem das suspensões, mais rígida, mantém o carro estável, sem a flutuação da dianteira.

Muito provavelmente, o sistema distribui um pouco de potência para o eixo traseiro, evitando a perda de tração no eixo dianteiro.

Rodando – Realmente, andar mais agressivamente com o Compass Blackhawk dá muito prazer ao volante e combina com as suspensões mais rígidas e os freios redimensionados, conjunto que amplia a aderência e desacelera o SUV com maior eficiência.

Usar as aletas para comutar as marchas manualmente deixa a “tocada” ainda mais esportiva. O sistema permite que as marchas sejam reduzidas, mesmo ocorrendo grande aumento na rotação do motor.

Neste modo, as marchas são retidas e só são trocadas no limite de giro seguro, caso o “piloto” não comute antes. Porém, andar suavemente também é bom.

Por ser uma versão mais pesada e ter programação do câmbio que efetua trocas automáticas antecipadamente, o modelo aproveita muito o deslocamento por inércia e trabalha em rotações mais baixas, característica que contribui para diminuir o consumo e melhorar o conforto acústico.

Tanto desempenho cobra seu preço em alguns detalhes. As suspensões mais rígidas trabalham em frequência um pouco mais alta e transferem mais as irregularidades dos pisos.

Comparado com o a versão Longitude, a Blackhawk é menos silenciosa e sua carroceria oscila de forma menos suave em ondulações, por exemplo.

Os largos pneus (235/45 R19), que entregam muita aderência, também geram mais ruído com essa calibração mais rígida de molas e amortecedores, diferença que o isolamento acústico não consegue esconder totalmente.

Consumo – Inesperadamente, essa versão mais potente foi quase tão econômica quanto a Longitude que usa o motor 1.3 turbo que tem, a menos, 87 cv e 13,3 kgfm de torque.

Em nosso teste padrão de consumo rodoviário realizamos duas voltas de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e, a outra, os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.

Na volta mais lenta, atingimos 15,1 km/l e, na mais rápida, 12,3 km/l. Lembrando que o motor dessa versão utiliza, somente, gasolina.

No teste de consumo urbano rodamos por 25,2 km em velocidades entre 40 e 60 km/h, fazemos 20 paradas simuladas em semáforos e vencemos 152 metros de desnível entre o ponto mais baixo e o mais alto do circuito.

Neste severo teste, o Compass atingiu uma média de 7,2 km/l com gasolina. O sistema stop&start funcionou com grande eficiência, desligando e ligando o carro em todas as paradas nas partes planas e em decidas, de forma rápida e quase imperceptível.

Quando avaliamos a picape RAM Rampage RT, versão esportiva que utiliza este mesmo powertrain, opinamos que só valeria a compra para quem aceitasse abrir mão de conforto acústicos e de marcha, pois ela sacrifica muito essas duas características em nome da esportividade.

No caso do Compass Blackhawk, essas diferenças são perceptíveis, sim, mas não tornam o seu uso diário cansativo.

Para quem faz questão de desempenho, essas perdas de conforto, e o valor pago a mais, podem se justificar pelo prazer de “pilotar” um utilitário verdadeiramente esportivo.

Fotos: Amintas Vidal

*Colaborador

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