Captur estreia motorização 1.3 turbo na linha Renault

Propulsor, que entrega 170/162 cv de potência, trabalha em conjunto com câmbio CVT

Amintas Vidal*  (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 08/10/2021)

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Em março de 2020 a Renault lançou a reestilização do Duster, seu SUV compacto. Na época, o mercado já esperava pelo motor turbo desenvolvido pela Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi em parceria com a Daimler. Somente este ano, em julho, ele chegou, mas, no Captur, o SUV compacto premium da marca.

Além do novo motor, batizado de TCe (Turbo Control Effiency), acoplado ao câmbio CVT X-Tronic que simula 8 marchas, duas a mais que o usado anteriormente, o Captur 2022 também recebeu sua primeira reestilização, ganhando mudanças externas na dianteira, novas rodas e algumas alterações em seu interior.

O DC Auto recebeu o Captur Iconic Turbo TCe 1.3 flex para avaliação, versão de topo da gama. No site da montadora, seu preço sugerido é de R$ 138,49 mil. A unidade avaliada tem pintura metálica na cor cinza bronze com teto em preto, opcional que custa R$ 3,2 mil, elevando o seu valor para R$ 141,69 mil.

Também no site, o sistema de som Bose aparece entre os equipamentos de série, agregado ao multimídia Easy Link, sem alterar o preço da versão. No lançamento, este equipamento constava como opcional.

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Os outros itens de série que se destacam são: ar-condicionado automático; direção com assistência elétrica; chave tipo cartão com sistema walk away closing; sistema Stop & Start; retrovisores externos com rebatimento elétrico automático; saídas USB para o banco traseiro e vidros elétricos dianteiros e traseiros tipo um toque com antiesmagamento.

Os principais equipamentos de segurança são: dois airbags frontais e dois laterais; freios antitravamento (ABS); assistente de frenagem de urgência (AFU); controle eletrônico de estabilidade (ESP) com auxílio de partida em rampa (HSA); monitoramento indireto de pressão dos pneus (iTPMS); sensores de ponto cego, chuva e crepuscular; multiview camera e sensor de estacionamento traseiro; faróis em full-LED; luzes de circulação diurna em LED (DRL) e faróis de neblina com função cornering.

Motor e Câmbio – Todas as versões disponíveis para o Captur (Zen, Intence e Iconic) são equipadas com este motor 1.3 turbo, a grande novidade do modelo 2022. O seu volume total é 1.332 cm³ (333 cm³ por cilindro) e sua taxa de compressão é de 10,5 /1.

O bloco tem 4 cilindros em linha, cabeçote em formato delta, duplo comando tracionado por corrente e 16 válvulas com variação de abertura na admissão e no escape.

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O sistema de injeção direta de combustível tem injetores centrais com seis furos que trabalham sob 250 bar de pressão. Seu turbocompressor atinge pressão máxima de 1.4 bar que é controlada eletronicamente pela válvula wastegate.

Além destas tecnologias, diversos processos de revestimento de peças móveis, visando à redução de atrito entre elas, foram utilizados, inclusive, o Bore Spray Coating (BCS), tratamento superficial na parede dos cilindros que reduz o atrito com os anéis e pistões, recurso oriundo da divisão esportiva da Nissan, presente no modelo GT-R.

Com todo este aparato técnico, seus números são expressivos. Ele atinge a potência de 170/162 cv às 5.500 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente, e seu torque máximo é de 27,5 kgmf às 1.600 rpm, com ambos os combustíveis.

Essa versão pesa 1.366 kg, resultando em 8,03 kg/cv e 49,67 kg /kgmf. Segundo a Renault, o Captur atinge os 100 km/h em 9,2 segundos e sua velocidade máxima é de 190 km/h.

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A caixa de marchas CVT X-Tronic tem uma programação que simula oito velocidades que podem ser comutadas por meio da alavanca do câmbio. O acoplamento é feito por conversor de torque hidráulico, tradicional.

Há quase um ano, avaliamos o Captur Bose com motor 1.6. Na época, ela era a versão mais cara, pois as opções com o motor 2.0 já tinham deixado a linha de produção, à espera deste novo motor. Vamos comparar essas variantes de topo e pontuar as permanências e evoluções entre as duas.

Mudando detalhes internos nos faróis, formato e apliques das grades e o design do para-choque dianteiro, a Renault revitalizou o Captur com o novo DNA da marca. As luzes de circulação diurna em forma de “C” contrapostos é o ponto alto desta nova identidade visual. Na lateral, apenas novas rodas para essa versão e, atrás, tudo igual.

Em dimensões, quase nada mudou, apenas 5 cm no comprimento, de 4,33 metros para 4,38 metros, por conta deste novo para-choque. As outras medidas são as mesmas: 2,67 metros de entre-eixos, 1,81 metro de largura e 1,62 metro de altura. O porta-malas continua com os bons 437 litros de capacidade, assim como o tanque de combustíveis, com 50 litros.

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Interior – Internamente, o painel principal ganhou revestimento emborrachado em ampla área, acabamento em preto brilhante envolvendo todo o nicho que abriga o multimídia e o ar-condicionado e uma régua, neste mesmo material, que divide sua porção superior da inferior.

Ainda em acabamento black piano, as molduras dos alto-falantes frontais e os puxadores das portas dianteiras foram  peças que melhoraram o aspecto interno e, juntamente  com detalhes cromados ou aparentando aço escovado, presentes em outras partes da cabine,  conferiram sofisticação ao interior.

O que continua destoando no SUV mais chique da família são as partes plásticas não revestidas. Sua textura é áspera, um pouco brilhante, e os tampões dos parafusos de fixação das mesmas ficam muito visíveis, um padrão muito simples para um modelo desta categoria.

O revestimento sintético que imita o couro manteve a micro perfuração e as costuras em linha branca nos bancos, peças que ganharam tonalidade marrom escura. Este pesponto foi estendido aos apoios de braço dianteiros, detalhe que fez diferença na qualidade percebida.

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As peças que recobrem as colunas e a forração do teto continuam totalmente em preto, cor que deixa o interior mais esportivo.

A ergonomia é boa e todos os comandos ficam a mão. O console central foi redesenhado, ficando bem mais moderno e ganhando espaços para diversos objetos, praticidade que faltava ao Captur.

Os bancos apoiam bem em tamanho e densidade da espuma. Existem alças de apoio no teto para ajudar no embarque e no desembarque, providenciais, pois os assentos do Captur ficam altos em relação ao solo e ao piso do mesmo.

A cabine do Captur acomoda quatro adultos com conforto. O espaço para pernas, ombros e cabeças é um dos melhores entre os SUVs compactos. Até uma quinta pessoa assenta bem no centro do banco traseiro, mas as suas pernas ficam limitadas pelo console central e os pés elevados pelo túnel.

Nova motorização trouxe ao utilitário esportivo desempenho e economia de combustível

Os equipamentos de bordo têm botões físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal. O multimídia evoluiu. Sua tela não cresceu muito, de 7 para 8 polegadas, porém, a sua interface gráfica foi aprimorada e novos recursos ampliaram a usabilidade.

Não foi desta vez que o espelhamento por Android Auto ou Apple Carplay ganhou conexão sem cabo, mas, as melhores mudanças foram físicas. A mais ergonômica foi a unificação dos botões de power e volume e a inclusão de um botão home.

Por fim, a entrada USB saiu da parte superior da tela para a sua lateral. O ideal seria descer para o console central, mas, ao menos, o cabo não passa mais sobre a tela.

O sistema de som Bose que nominava a antiga versão se manteve, com mérito. Ele traz seis alto-falantes e um subwoofer embutido na lateral do porta-malas. Seu som é potente e claro.

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O sistema permite equalização individual e tem efeito surround. Por ter amplificador externo, ele consegue reproduzir músicas dos aplicativos de streaming em alto volume, competência mais usual aos equipamentos de marcas especializadas em áudio, como neste caso.

O ar-condicionado automático não tem visor digital, mas permite uso cego, por ter todos os comandos analógicos. Ele é de zona simples, resfria e mantém a temperatura de forma satisfatória, mas a intensidade da ventilação é fraca para o volume da cabine, aumentando o tempo necessário para climatizá-la. 

Tecnologias – A chave presencial tipo cartão é um destaque do modelo. O sistema detecta a aproximação do motorista antes dele tocar na maçaneta e destrava as portas com antecedência. Ao se afastar do carro, as portas são travadas com precisão. A ignição é feita por botão posicionado no console central.

O conjunto de quatro câmeras e o sensor de marcha à ré ajudam bastante, pois o Captur tem a traseira muito alta, apesar da boa área envidraça. O primeiro permite ao condutor visualizar os quatro lados, alternadamente, na tela do multimídia.

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O segundo funciona automaticamente e em parceria com a câmera traseira. Guias dinâmicas sobre essa imagem indicam a trajetória e facilitam as manobras.

Finalmente, o modelo recebeu direção com assistência elétrica, substituindo a direção eletro-hidráulica. Agora, ela é leve em manobras de estacionamento e apresenta peso adequado para garantir segurança em estradas.

Entre os compactos, o Captur tem a maior altura em relação ao solo, 212 mm. Isso obriga um acerto das suspensões mais firme. Sobre asfalto liso, ele entrega conforto e muita estabilidade. Em pisos ruins ou de terra, as vibrações incomodam, mas, ao menos, ele não raspa os para-choques e o fundo em lombadas e entradas de garagens.

Rodando – A cereja do bolo é o desempenho. A motorização 1.3 turbo deu vida nova ao Captur. Em acelerações vigorosas, o turbo enche muito rápido e o motor empurra o modelo como poucos neste segmento. No pára e anda urbano, ou em ultrapassagens rodoviárias, a agilidade é garantida.

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Andando suavemente, o câmbio deixa o conjunto solto, nas marchas mais longas possíveis, característica que contribui para a economia de combustível e com o silêncio a bordo. Inclusive, a oitava marcha entrega a relação mais longa que o CVT permite.

No câmbio antigo, na sexta e última marcha, selecionada no modo manual, o motor girava, em média, 500 rpms acima do que ele ficava quando circulávamos no automático, com o câmbio em “Drive”.

O Captur com motor 1.3 turbo obteve médias de consumo muito próximas às que registramos com modelo equipado com o motor 1.6 aspirado, mesmo entregando um desempenho muito superior a este motor descontinuado na linha 2022.

Consumo – Em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra, 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.

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Na volta mais lenta, atingimos 12,5 km/l com o motor 1.6 e 11,1 km/l com o motor 1.3. Na mais rápida, foram 10,8 km/l com o aspirado, contra 9,8 km/l com o turbo, sempre com etanol.

Mesmo contando com o sistema stop/start, útil para economizar combustível nas paradas simuladas em semáforos, o novo motor 1.3 não superou o motor 1.6 em nosso teste padronizado de consumo urbano.

Em um circuito de 6,3 km, realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso.

A versão Bose 1.6, finalizou este exigente teste com 6,9 km/l contra 6,5 km/l da versão Iconic 1.3 turbo, também com etanol.

DSCN9980Fotos: Amintas Vidal

O Renault Captur sempre foi uma boa opção entre os SUVs compactos. Seu calcanhar de Aquiles eram os motores, um fraco (1.6) e outro com consumo elevado (2.0). Agora, com este novo 1.3 turbo, ele entrega desempenho acima da média e um bom consumo.

Todas as versões são muito bem equipadas, tornando a Zen, de entrada, provavelmente, a de melhor custo benefício. A intermediária, e essa de topo da gama, atendem aos que querem equipamentos mais sofisticados e diferenciais estéticos.

*Colaborador

Acesse o nosso site: http://www.diariodocomercio.com.br

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