Novo sistema de conectividade da Stellantis estreou no utilitário esportivo compacto
Amintas Vidal* (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 01/10/2021)

Desde 2015, o Renegade faz grande sucesso no disputado segmento de SUVs. Nos quatro primeiros anos, ele foi o segundo colocado em 2015 e 2016, o terceiro em 2017 e o quarto em 2018. Em 2019, após sua primeira reestilização, ele atingiu a liderança geral, deixando para trás todos os modelos comercializados em nosso mercado.
Em 2020, ele voltou para vice-liderança, pois o Volkswagen T-Cross emplacou 3.254 unidades a mais.
Este ano, o Renegade voltou a liderar e está disputando com o irmão maior, o Jeep Compass, para ver qual será o mais emplacado em 2021. No acumulado até agosto, o Renegade registrou 54.170 unidades, o Compass, 46.038, o Hyundai Creta, 42.582, e o T-Cross, 39.268. Dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
O DC Auto recebeu o Jeep Renegade Trailhawk 2021 para avaliação. Versão de topo da gama, seu conjunto mecânico é composto pelo motor 2.0 turbodiesel, câmbio automático com nove marchas e tração 4×4. No site da montadora, o preço sugerido é R$ 176,99 mil. Este valor só se aplica para a cor sólida verde. As cores metálicas elevam o preço em R$ 1,7 mil e, a branca perolizada, acresce R$ 2,38 mil.

Além dos equipamentos de série, são disponibilizados dois opcionais para essa versão, ambos, configurados na unidade avaliada: o teto solar panorâmico, ofertado por R$ 8,30 mil e o sistema de entretenimento e monitoramento Adventure Intelligence, vendido por R$ 2 mil. O valor final deste Renegade é R$ 189,18 mil, considerando a cor vermelha metálica e os dois opcionais.
Os principais equipamentos de série do Renegade Trailhawk são: ar-condicionado de duas zonas; direção elétrica; sistema de áudio com tela de 8.4 polegadas, espelhamento por Apple CarPlay ou Android Auto, pareamento por bluetooth e seis alto falantes; display de 7 polegadas colorido e configurável no quadro de instrumentos; faróis e lanternas traseiras em LED; chave presencial e travas e vidros elétricos nas quatro portas com one touch.
Entre os equipamentos de segurança, os destaques são: airbag de cortina, airbag de joelho para o motorista, airbag dianteiros e airbags laterais; controle de tração; controle de estabilidade e para trailer (quando equipado com engate Mopar); controle eletrônico anti capotamento; controle eletrônico de velocidade em descidas e auxiliar de partida em rampas; câmera de ré; sensor de estacionamento traseiro; sensor crepuscular e sensor de chuva.
A “assinatura” Trailhawk traz exclusividades em relação às outras versões. As principais diferenças estéticas são: bancos e volante revestidos em material sintético que imita o couro com costura na cor vermelha, assim como as molduras do painel e console nesta mesma cor. Retrovisores externos na cor cinza, adesivo antirreflexo no capô e teto pintado, ambos na cor preta.

A preparação para o off-road, também existente na versão Moab, engloba as seguintes alterações: suspensões elevadas em 20 mm, 3 ganchos para ancoragens de cintas para reboque (acabamento em vermelho, nessa versão), sistema de tração com programação para quatro tipos de terreno e roda em liga leve aro 17 polegadas com pneus “super verdes” 215/60 de uso misto, inclusive o estepe.
Motor e Câmbio – O motor de 4 cilindros é o Multijet 2.0 turbodiesel com injeção direta e duplo comando acionado por correia dentada. Ele desenvolve 170 cv de potencia às 3.750 rpm e torque de 35,69 Kgfm às 1.750 rpm.
O câmbio é automático com conversor de torque e nove (9) marchas comutáveis manualmente na alavanca ou por aletas posicionadas atrás do volante. A tração é integral e conta com programação automática ou dedicada para areia, neve, lama ou pedra, além de funcionar em reduzida ou em reduzida com bloqueio, tudo controlado por botão localizado no console central.
No modo automático, o sistema pode desacoplar a tração no eixo traseiro, em condições de alta aderência, deixando o Jeep em 4×2 para economizar combustível.

Avaliamos o Renegade Trailhawk nos modelos 2019 e 2020. Entre estes dois anos, não havia nenhuma mudança significativa. Agora, o modelo 2021 traz uma mudança relevante, a nova plataforma Adventure Intelligence, item opcional mencionado anteriormente..
Adventure Intelligence – Basicamente, o sistema Adventure Intelligence é composto por um novo software para o multimídia de 8.4 polegadas, já existente na versão, e a sua conexão com a internet por meio de um chip de telefonia da operadora TIM.
Essas duas alterações abriram um amplo leque de usabilidade para diversos produtos da Stellantis (fusão da FCA com a PSA), inclusive, elas foram aplicadas em recentes lançamentos da Jeep e da Fiat e irão equipar os futuros modelos do grupo.
Ligado à internet, o sistema disponibiliza um navegador nativo da marca TomTom que informa, em tempo real, as condições de trânsito e propõe paradas para reabastecimento baseado a autonomia do carro. Em relação aos GPS online, sua vantagem é não depender do sinal da rede celular para funcionar, mantendo a navegação em locais ermos ou dentro de túneis, por exemplo.

A conexão com o usuário extrapola o interior do veículo . O aplicativo para celular My Uconnect disponibiliza informações sobre o modelo equipado com o Adventure Intelligence e permite ao proprietário executar algumas funções e programar alertas de condução.
Essas operações são possíveis quando o chip do carro e do smartphone estão conectados à rede de celular simultaneamente, mesmo que os dois se encontrem em cidades, estados ou países diferentes.
Cada modelo, da Fiat e da Jeep, tem mais ou menos funções. No Renegade é possível travar e destravar as portas, assim como disparar a buzina intermitentemente e as luzes externas para uma fácil localização em estacionamentos, ou mesmo, para afastar os amigos do alheio.
Em outros modelos, é possível ligar o motor e ativar o sistema de climatização para resfriar a cabine antecipadamente.
São diversas as informações enviadas ao aplicativo sobre o carro e seu estado mecânico. Nível de combustível e autonomia, pressão dos pneus, quilometragem total e a restante para a próxima revisão. O sistema também recebe notificações de recalls.

Sobre o motor e equipamentos auxiliares, é informado se a bateria está sendo recarregada corretamente, se os sistemas de ignição e injeção estão funcionando dentro dos padrões e se o óleo está com a pressão correta ou se a data ou quilometragem de troca está próxima.
Alerta de Condução – As funções de alerta de condução são, provavelmente, as mais diferenciadas em relação à concorrência. Sobre um mapa, é indicada a localização exata do veículo, nome e número da via em que ele se encontra.
Usando um dedo como marcador, é possível determinar um perímetro qualquer no mapa, dia da semana e horário em que ele deverá circular apenas dentro desta área delimitada pelo usuário. Caso saia da demarcação, um alerta é enviado para o aplicativo. Em um atalho mais rápido, é possível ser notificado do afastamento do carro em raios de 500 em 500 metros, até atingir os 5 km, ideal para monitorar o serviço de manobristas.
Com as mesmas restrições de horários e dias semanais, ainda é possível ser notificado da velocidade máxima atingida ou, simplesmente, se o carro foi usado neste período, um controle útil para empréstimos a terceiros.

Como recurso adicional, estes comandos podem ser executados por voz, por meio de smartwatchs com assistência Alexa ou Echo Dot, da Amazon. O uso deste aplicativo está condicionado a um cadastro iniciado nas concessionárias das marcas e concluído em formulário enviado por e-mail.
As intervenções que podem comprometer a segurança veicular são protegidas por senha que antecede ao comando executado no aplicativo, evitando uso indevido por pessoas não autorizadas.
Outros recursos foram possíveis a partir da internet embarcada, tanto em segurança, como em entretenimento. Uma central de atendimento foi estruturada para receber chamadas do motorista e auxilia-lo com informações diversas ou enviar assistência mecânica ou de resgate.
Dados gerais sobre o carro e seu uso ou qualquer informação pesquisável, existente na internet, pode ser consultada por chamada de voz atendida por um operador de telemarketing.

Se ocorrer algum problema mecânico, a central pode ser acionada para providenciar reparo no local ou reboque para remoção. Em acidentes com deflagração dos airbags, uma chamada é realizada para o carro visando verificar o estado de saúde dos ocupantes e a necessidade de assistência aos mesmos.
Caso não ocorra um retorno, o serviço de resgate mais próximo será acionado com as informações de localização do acidente. Em um roubo ou furto do veículo, todo este aparato é usado para localizá-lo, uma ação conjunta da central de atendimento com as autoridades competentes. Segundo a Stellantis, este serviço reduz o valor cobrado pelas seguradoras.
Existe um roteador wi-fi que disponibiliza internet a bordo. Oito aparelhos podem usufruir deste sinal ao mesmo tempo. Para este serviço, é necessária a contratação de uma assinatura da operadora TIM, sendo o primeiro mês gratuito.
O sistema Adventure Intelligence não precisa ser pago por um ano e funciona independentemente da assinatura com a operadora de telefonia. Após este período, será cobrada uma anuidade para que ele se mantenha operante.

Motor diesel 2.0 turbo se mostrou bastante econômico
Testamos quase todos estes recursos. As informações recebidas no aplicativo estavam corretas e os comandos feitos no celular foram acionados no SUV, assim como as notificações apareceram na tela do aparelho móvel.
A navegação nativa é bem superior às feitas por seus concorrentes diretos, mas, menos rápida de operar que os aplicativos online. O atendimento por chamada foi cordial e satisfatório nas informações, dentro da média da concorrência.
O sinal de wi-fi não estava habilitado para testarmos, porém, estes sistemas costumam ser mais estáveis, pois suas antenas são mais potentes que as dos smartphones.
A Stellantis padronizou a interface gráfica deste sistema. A arquitetura das páginas do software e o grafismo de seus elementos são muito semelhantes em todos os dispositivos que receberam essa atualização, variando muito pouco, conforme o tamanho das telas e sua disposição, na horizontal, ou na vertical.

A apresentação ficou mais limpa e sofisticada que nos outros sistemas do grupo, certamente, mas, o tamanho dos ícones da “home” ficou pequeno nessa tela de 8.4 polegadas.
Estruturalmente, a únicas diferenças promovidas pelo Adventure Intelligence são os botões SOS e Assist alojados no plafon das luzes de cortesia dianteiras, mesma peça que recebe os controles do teto solar.
No mais, tanto o multimídia quanto o ar-condicionado, bem como outros equipamentos de bordo, possuem botões físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.
Multimídia – Os botões que controlam a central multimídia ficam abaixo dela, mesmo assim, permitem o uso cego, pois as funções comandadas são replicadas em sua tela. Além dos diversos recursos descritos, este novo sistema possibilita configurações pessoais armazenadas em diferentes perfis, tornando fácil a utilização do carro por pessoas diferentes, sem que uma atrapalhe as preferências da outra.

Todas as funções de áudio, telefonia e navegação funcionaram com perfeição, usando o próprio software ou os aplicativos espelhados sem fio. Como temos observado em outros sistemas de som padrão, suas potências não conseguem reproduzir muito alto as músicas provenientes de aplicativos de streaming.
Modelos com equipamentos de marcas especializadas em áudio, como a Beats, presente no Compass, não sofrem com essa falta de amplificação.
No geral, todos os outros sistemas embarcados no Renegade Trailhawk funcionam muito bem. O ar-condicionado é muito eficiente em resfriamento, manutenção da temperatura e intensidade da ventilação. A direção elétrica tem peso ideal em diversas velocidades, mas, em manobras de estacionamento, ela fica mais pesada do que nas outras versões do modelo, provavelmente, por utilizar pneus de uso misto.
As aletas para trocas de marchas ajudam bastante, principalmente, nas reduções para ativar o freio motor e economizar combustível. A câmera de marcha à ré com guias dinâmicas tem boa definição e, em conjunto com os sensores de aproximação traseiros, são muito úteis para amenizar os pontos cegos do modelo. O sistema de aberturas das portas e partida do motor com chave presencial facilita muito o uso no dia-a-dia.

A ergonomia é acertada, com todos os comandos à mão. O espaço interno é muito bom para as cabeças e ombros e quatro adultos. Para as pernas dos ocupantes traseiros, apenas o suficiente. No centro desde banco, somente uma criança vai com conforto.
O porta-malas desta versão, por contar com estepe normal, tem apenas 273 litros de capacidade. O acabamento interno é uma referência no segmento. Diversas áreas são revestidas com material macio ao toque e todos os plásticos têm ótima qualidade e textura agradável.
Rodando – O acerto das suspensões do Renegade Trailhawk é excelente, absorve as irregularidades, entrega conforto e mantém a tração das rodas com o piso, ajudado, é certo, pelos pneus de uso misto.
O seu entre-eixos curto, 2,57 metros, e os ângulos de ataque, saída e a altura livre do solo (30 graus, 33 graus e 216 mm), garantem grande desenvoltura no fora de estrada. Entretanto, por conta da sua carroceria com muitos ângulos retos, ele sofre para vencer a resistência do ar ao circular por rodovias.

O motor tem muita força e torque em baixas rotações, garantindo ótimo desempenho, mesmo com as limitações aerodinâmicas. Além de acelerar com desenvoltura, ele contorna curvas sem grande inclinação da carroceria e mantém a trajetória com pouca tendência ao sobre-esterço. O isolamento acústico é muito eficiente, deixando o modelo silencioso para um SUV a diesel.
Todos os modelos com este conjunto mecânico se saem bem em nossos testes padronizados de consumo. No circuito rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.
Na volta mais lenta, atingimos 19,2 km/l. Na mais rápida, 16,5 km/l, ótimas marcas, mesmo para um motor a diesel.
Em nosso circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso. A versão finalizou este exigente teste com 8,8 km/l de diesel. Neste caso, seus 1.674 kg de peso jogam contra o consumo ao circular em cidades.

O Renegade já recebeu a sua segunda reestilização fora do Brasil. A linha nacional deverá ser atualizada no começo do ano que vem, provavelmente, como modelo 2023. Especulações indicam que a versão Trailhawk trocará o motor a diesel pelo 1.3 turbo bicombustível.
Independentemente se estas mudanças ocorrerão, as versões a diesel existentes hoje são ótimas opções. Moab e Trailhawk são indicas para quem anda em estradas de terra e trilhas com frequência.
A Longitude, para quem circula mais em cidades e rodovias. Em todas elas, o opcional Adventure Intelligence deve ser adquirido, pois muda totalmente, e para melhor, a usabilidade do modelo.
Fotos: Amintas Vidal
*Colaborador
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