Modelo é equipado com motor 1.3 aspirado capaz de render 98/107 cv de potência
Amintas Vidal* (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 13/05/2022)
Que o Pulse é um sucesso, ninguém duvida, mas o SUV que debutou a Fiat no segmento vinha sofrendo com a falta de semicondutores. Em janeiro, ele registrou 3.192 emplacamentos, em fevereiro, só 1.843, e melhorou em março, com 3.650.
Em abril, a oferta foi ampliada e ele atingiu 5.520 unidades, tornando-se o SUV mais vendido entre todos oferecidos em nosso mercado, segundo dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
O DC Auto recebeu o Fiat Pulse Drive 1.3 manual para avaliação, a versão de entrada da linha. Com motor aspirado e câmbio manual, ela estreou em outubro do ano passado custando R$ 79,99 mil, valor bem competitivo. Atualmente, no site da montadora, sua etiqueta registra R$ 89,99 mil.
Em apenas seis meses, este aumento é considerável mas, o preço ainda é atrativo, pois todos os outros SUVs compactos já bateram os três dígitos em seus valores, exceto essa mesma versão Drive com câmbio CVT, vendida por R$ 98,29 mil.
Nestes preços, a carroceria vem na cor preta sólida. As outras cores sólidas custam R$ 983,00, as metálicas, R$ 1,97 mil, e a branca perolizada, R$ 2,31 mil.
Os equipamentos diferenciados do Pulse Drive são: multimídia com tela de 8,4 polegadas e Apple CarPlay e Android Auto sem fio; ar-condicionado digital; volante com regulagem em altura e comandos de áudio, telefonia, computador de bordo e controlador de velocidade; vidros elétricos dianteiros e traseiros com um toque e roda em liga leve de 16 polegadas escurecidas com pneus 195/60 R16.
No quesito segurança, alguns equipamentos se destacam: 4 airbags; controles de tração e estabilidade; controle de saída em inclinações; TC+ (controle de arrancada com baixa aderência); faróis e lanternas em LED; sensor de pressão dos pneus e sensores de estacionamento traseiros.
Motor e Câmbio – O motor é o Firefly 1.3 aspirado. Ele recebeu alterações para se adequar às novas normas do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve L7) que passou a vigorar este ano.
Com essas mudanças, perdeu 2 cv com etanol e 3 cv com gasolina. Em torque, foi apenas meio kgfm a menos com ambos os combustíveis.
Agora, este bloco com quatro cilindros, oito válvulas, comando simples tracionado por corrente, com variação de abertura na admissão e na exaltação e que conta com alta taxa de compressão, 13,2:1, rende a potência de 107 / 98 cv às 6.250 rpm e torque de 13,7 / 13,2 kgfm às 4.000 rpm sempre com etanol e gasolina, respectivamente.
Antes das alterações, o torque máximo ocorria às 3.500 rpm. O câmbio é manual de cinco (5) marchas com embreagem monodisco a seco.
Nós já avaliamos o Pulse Impetus Turbo 200 CVT, versão mais equipada do modelo. Na ocasião, fizemos uma análise mais profunda deste novo projeto. Agora, resumiremos as informações mais relevantes e pontuaremos as diferenças entre as duas versões.
Grande evolução em relação ao hatch Argo, seu ponto de partida, o Pulse ganhou nova plataforma, mais segura e ergonômica. Diferentemente dos seus concorrentes diretos, Volkswagen Nivus e o Honda WR-V, essa modificação na sua base permitiu uma transformação melhor estruturada.
Os elevados para-lamas do Pulse são apoiados em chapas que integram a estrutura do monobloco e, não, em finas hastes agregadas ao mesmo, uma “gambiarra” que foi aplicada nos concorrentes mencionados.
Estrutura alterada à parte, a receita para transformar o Argo no Pulse é semelhante à destes concorrentes: capô e para-lamas dianteiros elevados, frente e traseira redesenhadas e laterais e teto adaptados.
Suspensões elevadas e peças plásticas adornando a carroceria completam a caracterização fora de estrada, artifício comum aos aventureiros e SUVs.
No Pulse, para-choque e para-lama dianteiros, grades, faróis e capô foram redesenhados, conferindo robustez e grande diferenciação estética em relação ao Argo. As portas, o para-lama traseiro, a estampagem lateral e o teto são os mesmos do hatch.
Um prolongamento metálico do teto e um grande aerofólio plástico foram agregados à nova tampa do porta-malas, essa, igualmente projetada para trás, criando um volume traseiro destacado. Novas lanternas e o para-choque traseiro acompanharam essas mudanças.
Números – Os números que homologaram o Pulse Drive como um SUV pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) são: 20,4° de ângulo de entrada; 31° de ângulo de saída; 21,3° de ângulo central e 190 mm de vão livre do solo. A capacidade de submersão é de 400 mm.
Frente e traseira encorpadas ampliaram o comprimento do Pulse em relação ao Argo, foram mais 11cm, registrando 4,10 metros. As molduras das caixas de roda garantiram 6 cm extras na largura, chegando a 1,78 metro.
Suspensões elevadas, rodas e pneus maiores e o rack no teto somaram 7,8 cm à altura, que atingiu 1,58 metro. Mudanças no ponto de fixação da suspensão ampliaram em 1,1 cm a distância entre eixos, ficando com 2,53 metros.
Aferido pelo novo método adotado pela Fiat, o porta-malas do Pulse comporta 370 litros mas, aparentemente, o espaço foi pouco alterado, cabendo no máximo 310 litros. São 10 litros a mais do que no Argo.
O tanque de combustíveis comporta 47 litros, 1 litro a menos do que no hatch. O Pulse Drive manual é o mais leve, 1.187 kg, 57 kg a mais do que o Argo Trekking 1.3 manual. Ambos suportam 400 kg de carga útil.
Interior – Internamente, a Fiat não economizou no Pulse. Painéis, central e das portas, o console e todas as partes que os compõe são completamente novas. O estilo é o mais atual, orientado na horizontal.
Formas trapezoidais são abundantes, estão em peças e recortes por toda a cabine. Segundo a Fiat, os bancos dianteiros do Pulse foram completamente reprojetados. Novas formas e espuma mais rígida seguram e sustentam melhor o corpo.
Como esperado nesta versão de entrada, as peças apresentam as texturas existentes em versões superiores, mas sem aplicação de cores. Quase todas as superfícies são feitas em plástico rígido preto sem nenhuma pintura.
A exceção é um friso metalizado no painel principal e detalhes prateados ou cromados no volante e em alguns equipamentos de bordo. O tecido dos bancos é igualmente simples, monocromático, preto e cinza.
No mais, alguns detalhes não mudaram. Apenas o miolo do volante foi trocado, botões e aro são os mesmos usados no Argo e em outros modelos do grupo Stellantis.
Peças menos observadas, como as que revestem colunas e teto, e menores, como alavancas e alguns botões, também foram reaproveitadas. O banco traseiro é o mesmo do hatch.
Na cabine do Pulse, quatro adultos e uma criança se acomodam com conforto para um modelo compacto. Mas sem sobras. Em relação ao Argo, o Pulse tem ergonomia mais acertada.
Além das modificações nos bancos dianteiros, volante e pedais estão alinhados de melhor forma e os botões dos vidros elétricos estão menos recuados, mais ao alcance das mãos.
A volumosa alça das portas dianteiras do Argo foi eliminada, ampliando o espaço para as pernas de quem vai à frente.
Equipamentos – Os inúmeros equipamentos internos são controlados por botões físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.
Alguns sistemas apresentam operação duplicada onde, além dos botões, podem ser controlados por toques na tela do multimídia.
O ar-condicionado de zona única é eficiente em volume de ventilação, tempo de resfriamento e manutenção da temperatura. Em um único botão, ventilação e temperatura são ajustadas por rotação, bastando comutar as funções ao pressioná-lo.
Sua cor se alterna entre branco ou azul e vermelho, indicando estar apto para regular intensidade de fluxo ou nível da temperatura.
As funções comandadas aparecem em barras na tela do multimídia. Nesta, também existe uma página dedicada ao sistema para operação totalmente por toques na tela. Não ter saídas de ar traseiras é a sua única falha.
O multimídia espelha sem fio o smartphone, estável e rapidamente. O computador de bordo é completíssimo e oferece informações múltiplas e facilmente comutadas.
Seu display fica centralizado entre os ótimos mostradores analógicos, mas ele é monocromático, não é dos maiores e apresenta informações em tamanho apenas razoável.
O sistema de som é simples. Tem boa qualidade em todas as frequências, mas pouca potência para reproduzir músicas de aplicativos de streaming em alto volume, limitação recorrente em equipamentos não assinados por marca especializada em sonorização.
O volante traz os comandos para quase todos estes equipamentos e recursos. Os botões são bem dimensionados, distribuídos e identificados. Computador de bordo e telefonia à esquerda, controlador de velocidade à direita e sistema de áudio atrás, esses últimos de utilização cega, a forma mais segura.
Os sensores traseiros de estacionamento são essenciais, pois o Pulse tem frente e traseira muito altas, assim como a coluna “C” avantajada. Fazem falta os sensores dianteiros e a câmara de marcha à ré com linhas guias dinâmicas, o conjunto ideal para amenizar essas limitações de visibilidade.
Compacto oferece ótimo conforto de marcha e bom desempenho
A direção elétrica é muito leve em manobras, mas poderia ser mais progressiva, pois fica mais pesada que o ideal em velocidades intermediárias. Rodas menores e pneus mais estreitos, com ombros mais altos, mudam a resposta direcional desta versão em relação à Impetus.
Ao esterçar, o Pulse Drive movimenta mais a carroceria que o Impetus. É uma reação mais isolada do solo, mais confortável, porém, menos precisa.
O acerto das suspensões dos modelos da Fiat sempre foi elogiado. Em seu primeiro SUV, ela não erraria nessa característica tão relevante na categoria. Uma nova estrutura da suspensão foi projetada para o modelo, resultando em um ótimo conforto de marcha.
Ela isola muito bem a cabine, para um carro compacto, relativamente leve e com rodas grandes. Entrega estabilidade em curvas, com inclinação contida da carroceria em uma condução responsável.
Certamente, o monobloco reforçado influenciou neste comportamento, pois a estrutura não aparentou torcer ao circularmos em estradas de terra com grandes desníveis no piso.
O conforto acústico não é tão elevado nessa versão com motor aspirado e câmbio manual. O vento contra a carroceria e o atrito dos pneus são contidos, como na versão Impetus, resultado de um ótimo isolamento acústico.
Mas o conjunto mecânico, motor, câmbio e diferencial, trabalham com maior aspereza e emitem ruídos audíveis ao interior do carro. O câmbio tem engates precisos e bom escalonamento das marchas, mas faz falta uma sexta velocidade para o motor trabalhar em regimes de rotação menos elevados em estradas.
Aos 110 km/h e de quinta marcha, o motor trabalha às 3.100 rpm. Nessa condição, já é necessário manter o pé constantemente no acelerador, pois, ao tirar, a curta relação e o arrasto aerodinâmico, somados, provocam queda na velocidade.
Este motor não faz do Pulse um esportivo, mas entrega desempenho satisfatório e muita agilidade no trânsito urbano. Por ser elástico e ter relações reduzidas, ele alcança rotações elevadas rapidamente, próximas aos regimes de maior torque e potência, contribuindo, também, em ultrapassagens nas estradas.
O recurso TC+ é uma programação do controle de tração que identifica uma roda sem aderência e aciona o seu freio para transferir o torque para a roda com tração, ideal para pisos escorregadios em transposições no fora de estrada.
Essa tecnologia deixa o Pulse menos “SUV de shopping” do que a maioria dos concorrentes compactos.
Consumo – As curtas relações deste conjunto de tração não combinam com um baixo consumo de combustível mas, surpreendentemente, o Pulse Drive 1.3 com câmbio manual mostrou-se mais econômico que o Pulse 1.0 turbo automático CVT, conjunto que trabalha às 2.100 rpm quando o carro está aos 110 km/h.
Em nossos testes de consumo rodoviário padronizado, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e, outra, 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.
Na volta mais lenta, ele registrou 15,2 km/l, contra 13,7 km/l da versão 1.0. Na mais rápida, 13,1 km/l, contra 12 km/l da outra versão, sempre com etanol no tanque.
No teste de consumo urbano rodamos por 25,2 km em velocidades entre 40 e 60 km/h, fazemos 20 paradas simuladas em semáforos com tempos cronometrados entre 5 e 50 segundos e vencemos 152 metros de desnível entre o ponto mais baixo e o mais alto do circuito.
Nesse severo teste, o Pulse manual atingiu a média de 8,9 km/l, contra 7,6 km/l da versão 1.0 automática, também com etanol.
Nenhum carro no Brasil é barato, principalmente entre os SUVs. O Pulse é o SUV de grande volume em vendas que tem os menores preços.
Equipado com os faróis em LED e ar condicionado digital, mesmo nessa versão de entrada, algo raro abaixo dos três dígitos, o modelo caminha para a liderança da categoria.
Essa versão manual é uma ótima opção para quem quer o primeiro SUV. Atende aos que estão com a grana contada ou curtem passar as marchas tradicionalmente.
Para quem pode pagar a diferença de R$ 8,29 mil, e deseja maior conforto, a versão Drive 1.3 com câmbio CVT é a melhor pedida.
Fotos: Amintas Vidal
*Colaborador
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