Versão Impetus é bem equipada e tem o preço de R$ 142,49 no site da montadora
Amintas Vidal* (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 20/01/2023)
Em 2018, a Fiat apresentou o protótipo Fastback no Salão do Automóvel de São Paulo. Baseado na picape Toro, ele era o estudo para um futuro SUV médio coupé.
Lançado em setembro do ano passado, o modelo chegou como um SUV compacto coupé projetado a partir do SUV Pulse. Agora, são dois os SUVs da Fiat, ambos compactos, o segmento que mais cresce atualmente.
Entre os 50 automóveis mais vendidos no ano passado, 25 eram SUVs e, destes, 14 compactos.
Com apenas quatro meses de mercado, o Fastback fechou 2022 na 11ª posição, mas foi o 8º modelo mais emplacado da categoria nos últimos três meses do ano, segundo dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
O DC Auto recebeu o Fastback Impetus 2023 para avaliação. Essa é a versão mais equipada disponível com o motor 1.0 turbo. Abaixo dela existe a Audace, com este mesmo motor e, acima, a versão Limited Edition com o motor 1.3 turbo.
No site da montadora, o preço sugerido do Fastback Impetus é R$ 142,49 mil. Neste valor, a carroceria vem na cor preta sólida. As demais cores são combinadas com o teto na cor preta. As outras cores sólidas custam R$ 1,49 mil e, as metálicas, R$ 1,99 mil.
Os equipamentos diferenciados do Fastback Impetus são: multimídia com tela de 10,1 polegadas, navegação embarcada da marca TomTom e espelhamento por Apple CarPlay e Android Auto sem fio; painel digital de 7 polegadas; carregador do celular por indução com ventilação; ar-condicionado digital; rebatimento elétrico dos retrovisores; paddle-shifters; acionamento elétrico do freio de mão; chave presencial, bancos revestidos com material sintético que imita o couro e roda em liga leve de 18 polegdas diamantada.
Em segurança, os seguintes recursos se destacam: frenagem autônoma de emergência; alerta de saída de faixas com correção da trajetória; controles de tração, tração avançada e de estabilidade; comutação automática dos faróis alto e baixo; faróis e lanternas em LED; sensor de pressão dos pneus; sensores de iluminação e chuva; retrovisor eletrocrômico; sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e câmera traseira de alta definição com linhas guias dinâmicas.
Motor e Câmbio – O motor desta versão é o GSE Turbo 200, o mesmo 1.0 de três cilindros que equipa o Pulse.
Ele tem o exclusivo controle de válvulas MultiAir III, sistema de atuadores eletro-hidráulicos que permitem a abertura das válvulas de admissão com variações em período, amplitude ou frequência.
Essa e outras tecnologias como turbocompressor de baixa inércia controlado por válvula de alívio eletrônica, sensor para o reconhecimento do combustível na linha de alimentação, injeção direta de combustível dentro do cilindro e sistemas de resfriamento do ar comprimido e do óleo de lubrificação resultaram em elevados números para um bloco de 999 cm³: torque de 20,4 kgmf às 1.750 rpm, com ambos os combustíveis, e potência de 130/125 cv às 5.750 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente.
O câmbio é o automático do tipo CVT, sistema que varia continuamente as relações de marchas. A Fiat programou sete relações específicas para simular o uso de marchas escalonadas, no modo manual ou quando o motor é mais exigido.
Essas marchas podem ser cambiadas na própria alavanca ou por meio das aletas posicionadas atrás do volante. O acoplamento entre o motor e o câmbio é feito por um conversor de torque convencional.
A partir da base usada por Argo e Cronos, a Fiat desenvolveu uma nova plataforma para SUVs compactos, a MLA.
Ao reconstruir este monobloco com modificações estruturais, utilizar aços de alta resistência em sua fabricação e projetar bancos dianteiros mais robustos, a marca garante que o Pulse e o Fastback são veículos mais modernos e mais seguros do que os outros modelos compactos da sua linha.
Design – Externamente, até a coluna “B”, o Fastback é quase idêntico ao Pulse, mais especificamente, ao Pulse Abarth, modelo da marca esportiva da Stellantis.
Desta parte para trás, laterais, teto, para-lamas e portas traseiras, assim como a tampa do porta-malas, lanternas e para-choque traseiro são exclusivos, reprojetados para formarem o design coupé inspirado no belo conceito de 2018.
A carroceria coupé é definida pela continuidade do arco do teto que se estende até o término da tampa do porta-malas, criando um perfil que deixa o seu vidro mais na horizontal do que na vertical.
Este desenho contribui com a penetração aerodinâmica e, ao mesmo tempo, mantém o vidro traseiro limpo pelo intenso deslocamento de ar sobre o mesmo.
Provavelmente, isso motivou a Fiat a eliminar o limpador traseiro. Em nossa opinião, este equipamento faz falta.
Por ser muito inclinado, a área de visão através do vidro é restrita e o fluxo de ar não limpa tão bem como fazem as paletas, agravando essa limitação na visibilidade traseira sob chuva, por exemplo.
Fastback é um nome alusivo à velocidade que este traço imprime aos modelos com este perfil e foi usado, pela primeira vez, para distinguir a versão coupé do esportivo Ford Mustang.
Pertinente, a alcunha virou um adjetivo dado a carros com este design e, também, o nome do SUV da Fiat.
A traseira do Fastback ficou muito destacada, encorpada por duplo vinco nos para-lamas e alongada ao extremo.
Números – Comparado ao Pulse Abarth, o Fastback é 31,2 cm mais comprido. Ele atingiu 4,42 metros de comprimento, medida superior à do Jeep Compass, SUV médio.
Praticamente, todo esse ganho de espaço foi aproveitado no porta-malas, com 230 litros a mais do que o do Pulse, atingindo 600 litros, considerando a aferição do volume líquido adotada pela marca.
O bagageiro do Fastback é o maior entre todos os SUVs compactos e do que a maioria dos utilitários médios vendidos em nosso mercado.
As outras medidas do Fastback quase não diferem das do Pulse. São 1,77 metro de largura; 1,54 metro de altura e 2,53 metros de distância entre-eixos.
Como não houve afastamento entre os eixos, o balanço traseiro ficou bem maior, isto é, a medida entre o centro da roda traseira até o limite do para-choque traseiro foi ampliada, diminuindo o ângulo de saída do SUV cupê para 24,3°, 7,3° a menos do que no Pulse.
O ângulo de entrada e a distância livre do solo de ambos são equivalentes: 20,4° e 192 mm.
Segundo especialistas em design, o volume traseiro do Fastback está fora da proporção ideal. Regras à parte, a Fiat conseguiu o que queria: lado a lado, o Fastback aparenta ser um SUV muito maior do que o Pulse.
Além desta impressão alcançada, a marca não arriscou e usou elementos de design semelhantes aos encontrados nos SUVs coupé da BMW, a empresa pioneira e referência nessa categoria.
Apesar da grande diferença visual percebida, o Fastback pesa apenas 25 kg a mais do que o Pulse.
Mas, mesmo com o ganho em volume para bagagens no SUV coupé, os dois modelos são homologados para transportar 400 kg em ordem de marcha, o mesmo peso que ambos podem rebocar em equipamentos sem freio.
O tanque de combustíveis é igual nos dois SUVs e comporta 47 litros.
Interior – Internamente, as diferenças são menores, mas sofisticaram visualmente e incrementaram o uso diário do modelo.
O console central foi reprojetado, ficou mais elevado e interiço, pois a alavanca do freio de mão foi substituída pela tecla de acionamento elétrico, o primeiro ganho em conforto desta mudança.
A saída traseira do ar-condicionado é outra evolução que melhora a usabilidade em relação ao Pulse.
Por fim, a área mais ampla e refrigerada do carregador de celular por indução eletromagnética, uma posição mais ergonômica dos comandos do ar-condicionado e novos nichos para objetos são as novidades presentes no Fastback e, também, no Pulse Abarth.
Por ser uma peça destacada, coberta por plástico preto brilhante e adornada por frisos imitando alumínio fosco escuro, este console central do Fastback alterou a percepção do modelo em comparação ao Pulse, conferido uma qualidade percebida bem superior ao interior.
Os outros acabamentos são os mesmos em ambos, com plásticos rígidos por todos os painéis, porém, ricos em texturas e cores. As áreas macias são escassas, apenas nas peças revestidas, como os bancos e os apoios de braço.
No espaço interno, quase nada foi alterado. Na cabine do Fastback, quatro adultos e uma criança se acomodam com conforto para um modelo compacto, mas sem sobras.
Em relação ao Pulse, o encosto do banco traseiro está um pouco mais reclinado, mudança que melhora a acomodação e propicia maior espaço para as cabeças de quem vai atrás, algo necessário para compensar o teto mais caído do coupé.
Ergonomia – Como no Pulse, a ergonomia dentro do Fastback é acertada. Os inúmeros equipamentos internos são controlados por botões físicos, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.
Alguns sistemas apresentam operação duplicada, ou nos botões, ou por toques na tela do multimídia.
Os comandos do ar-condicionado estão levemente mais voltados para cima, melhorando a visualização e sua operação. Sistema digital, automático e de zona única, ele é eficiente em volume de ventilação, tempo de resfriamento e manutenção da temperatura.
Em um único botão, ventilação e temperatura são ajustadas por rotação, bastando comutar as funções ao pressioná-lo. Ao comandá-lo, essas funções aparecem na tela do multimídia.
Neste, também existe uma página dedicada para a sua operação totalmente por toques. Agora, com saídas de ar traseiras, o sistema ficou melhor do que o do Pulse.
Desempenho do motor 1.0 turbo é destaque do modelo
A internet embarcada (item opcional), o sistema multimídia e o computador de bordo formam o conjunto de tecnologias de conectividade e navegação mais completo oferecido atualmente.
Esse conjunto oferece controle de funções do carro, verificação de condições mecânicas, limitação da área de circulação e localização remota, tudo por meio de aplicativo no celular.
O multimídia espelha sem fio o smartphone, estável e rapidamente. Entre diversas funções, a navegação nativa se destaca, pois notifica sobre o fluxo do trânsito e, até, sugere postos de abastecimento quando o tanque entra na reserva.
O computador de bordo é completíssimo, oferece informações múltiplas e em janelas diferenciadas, inclusive, duplicadas na tela do multimídia.
O quadro de instrumentos é o mesmo da picape Toro. Ao centro ele é digital, muito configurável e de forma simples, considerando o grande volume de informações disponíveis.
Nas extremidades ficam os marcadores de combustível e temperatura, assim como as luzes de advertência, todas fixas.
O carregador de celular com ventilação dedicada ao resfriamento é um detalhe pequeno, mas que faz grande diferença.
Ele funciona quando o ar-condicionado está acionado, mas, segundo a Fiat, fica sempre em 22°. Em sistemas sem este recurso, os celulares superaquecem e não carregam direito. Neste, eles ganham carga quase sem mudar a temperatura.
O volante traz os comandos para quase todos estes equipamentos e recursos. Os botões são bem dimensionados, distribuídos e identificados.
Computador de bordo e telefonia à esquerda, controlador de velocidade e botão Sport à direita e sistema de áudio atrás, sendo estes últimos “cegos”, os mais seguros.
A direção elétrica é muito leve em manobras e, assim como no Pulse, fica pesada rapidamente. Porém, essa calibragem combina com o acerto mais esportivo do Fastback.
Os sensores de estacionamento são essenciais para o modelo, pois ele tem frente e traseira altas, assim como a coluna “C” muito larga. Os traseiros são auxiliados por câmera com ótima resolução e guias dinâmicas. Os dianteiros, por gráfico da vista superior do SUV mostrada no painel.
Entre os auxílios de condução semiautônomas, o alerta de aproximação com frenagem automática de emergência é o mais importante, e está presente no Fastback. Falta o alerta de ponto cego, o segundo mais relevante.
Outros, como a identificação da faixa de rodagem com correção de trajetória e a comutação dos faróis baixo e alto funcionam perfeitamente, assim como os faróis em LED que têm longo alcance e muita potência na iluminação noturna.
Conforto ao Rodar – Quando avaliamos o Pulse com este motor, elogiamos o acerto das suspensões, pois elas isolam muito bem a cabine das irregularidades do piso.
Teoricamente, o peso extra do Fastback concentrado após o eixo traseiro ajudaria neste conforto, pois faria o conjunto trabalhar em frequência mais baixa.
Porém, para as rodas não ficarem mais desproporcionas do que já são, pois a carroceria ficou realmente volumosa, a Fiat precisou aumentar o aro para 18 polegadas e, por isso, utilizou pneus muito baixos, 215/45.
Contudo, foram necessárias alterações nas suspensões como a otimização na geometria dianteira e a adoção de um novo eixo traseiro, abaixando o centro de rolagem e, consequentemente, reduzindo a inclinação da carroceria em curvas.
Todas essas alterações, e uma nova relação de direção mais direta, resultaram em um comportamento arisco do Fastback, se comparado ao Pulse, combinando muito com o seu visual esportivo. Mas, com um preço a ser pago.
Pneus com perfil baixo são calibrados com pressão elevada, pouco deformam, não contribuem com o amortecimento e, em conjunto com as suspensões mais rígidas, não isolam tanto a cabine das irregularidades do piso.
A combinação destas características com a carroceria volumosa surtiu um efeito curioso no Fastback. Quando vazio de carga e passageiros, seu amplo volume interno trabalha como uma caixa acústica e amplifica os ruídos provenientes do atrito de rolagem.
Com bagagens e outras pessoas a bordo, o SUV coupé fica bem mais silencioso. Ruídos do vento contra a carroceria, e o barulho do motor, são ouvidos em velocidades mais altas e rotações mais elevadas, respectivamente.
Mas, são contidos, mostrando um bom trabalho dos materiais de isolamento acústico.
Rodando – O câmbio CVT trabalha bem com o motor turbo, pois não eleva o seu giro em demasia, uma vez que a sobrealimentação garante alto torque em baixas rotações ao 1.0.
Além desta característica que preserva o conforto acústico, as inúmeras relações de marchas, entre a mais curta e a mais longa, deixa o carro bem responsivo ao comando do acelerador.
Pisando fundo, as marchas pré-programadas são esticadas ao limite de rotação do motor e o desempenho impressiona para um motor 1.0.
Segundo a Fiat, o Fastback Impetus acelera de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos, só 1,3 segundo a mais do que a versão Last Edition, que tem motor 1.3 com 55 cv a mais e sobrepeso de apenas 42 kg.
Em condições ideais, aos 90 km/h, o CVT deixa o motor trabalhando às 1.550 rpm e, aos 110 km/h, às 2.050 rpm, regimes baixos que contribuíram com ótimo consumo de combustível do modelo.
Foi interessante observar que o Fastback Impetus foi mais econômico do que o Pulse Impetus em nossos testes padronizados de consumo rodoviário, vantagem do perfil coupé que tem melhor desempenho aerodinâmico.
A tecla Sport e as aletas para mudanças de marchas são dois recursos que podem ajudar para objetivos distintos: no intuito de economizar combustível, ambos são eficazes para desacelerar o carro em freio motor.
Ao contrário, para aprimorar o desempenho, no modo automático, ao ativar a tecla Sport o motor passa a responder mais prontamente ao acelerador e as relações são encurtadas, deixando o carro mais esportivo.
Já no modo manual, é possível usar as aletas para controlar totalmente as sete relações pré-programadas.
O recurso TC+ é uma programação do controle de tração que identifica uma roda sem aderência e aciona o seu freio para transferir o torque para a roda com tração, ideal para transposições em pisos escorregadios.
Consumo – Em nossos testes de consumo rodoviário padronizado, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra, 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.
Na volta mais lenta, o Fastback Impetus 1.0 turbo registrou 15,8 km/l. Na mais rápida, 14,4 km/l, sempre com etanol no tanque.
No teste de consumo urbano rodamos por 25,2 km em velocidades entre 40 e 60 km/h, fazemos 20 paradas simuladas em semáforos com tempos cronometrados entre 5 e 50 segundos e vencemos 152 metros de desnível entre o ponto mais baixo e o mais alto do circuito.
Neste teste, o Fastback atingiu a média de 8 km/l, também com etanol. Se fosse equipado com o stop/start, sistema que desliga o motor em semáforos, o consumo poderia ser melhor.
Fotos: Amintas Vidal
O Fastback é o típico modelo que seduz pelo belo visual. Ele aparenta ser mais caro do que custa, e custa mais caro do que deveria, pois é tão imponente quanto um SUV médio, mas é um SUV coupé compacto derivado de um modelo mais simples.
Todas as versões são muito bem equipadas, pois o Fastback é o novo topo da gama entre os automóveis da Fiat no Brasil.
A versão Impetus tem todos os equipamentos e o motor mais econômico, um conjunto muito equilibrado e, para nós, apresenta o melhor custo-benefício da linha.
*Colaborador
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