Fiat Mobi Trekking exibe visual elaborado

Versão aventureira do subcompacto seduz com adesivos por todos os lados

Amintas Vidal*  (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 03/03/2023)

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Em setembro de 2021, avaliamos a versão Trekking do Fiat Mobi. De lá para cá, ela recebeu novos adesivos decorativos e a cor cinza da unidade que avaliamos, opcionalmente.

Também como opcional, as duas variantes existentes receberam os controles de estabilidade e de partida em aclives. Já os preços, como de todos os outros carros, subiram consideravelmente.

Inclusive, a categoria de subcompactos está cada vez mais reduzida, pois eles estão quase tão caros quanto os compactos, diminuindo uma das suas poucas vantagens entre os modelos hatches.

Hoje, a Fiat oferece duas versões do Mobi. Naquela época existiam três. A básica Easy, que já saiu de linha, a Like, intermediária e essa Trekking, a de topo da gama.

Entretanto, este segmento é o mais barato disponível no Brasil. Tanto o Mobi quanto o Renault Kwid, seu único concorrente em tamanho, ainda vendem bem.

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Ano passado foram emplacadas 72.736 unidades do Mobi e 57.388 do Kwid, o 4º e o 11º automóvel mais vendido em 2022, respectivamente, segundo dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

O DC Auto recebeu o Mobi Trekking 1.0 Fire EVO para avaliação. No site da montadora, o preço sugerido desta versão era R$ 59,99 mil, há um ano e cinco meses. Agora, ela já custa R$ 72,29 mil, na cor preta sólida.

As outras cores sólidas, branca e vermelha, acrescem R$ 790,00 ao valor inicial. A única cor metálica para essa versão, o cinza, custa R$ 1,79 mil.

A nova cor, cinza Strato, é perolizada, mas é mais barata que a metálica, com o preço de R$ 1,29 mil. Independentemente da cor escolhida para o Mobi Trekking, todas elas vêm acompanhadas do teto pintado na cor preta.

Além desta diferença cromática, o Mobi Trekking traz barras longitudinais no teto, adesivos alusivos à versão nas laterais, sobre o capô, teto e na porta traseira.

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Maçanetas na cor da carroceria, calotas escurecidas e retrovisores externos pintados em preto brilhante completam a caracterização externa. Internamente, o revestimento diferenciado dos bancos fecha a lista de alegorias aventureiras da versão.

Equipamentos – Os principais equipamentos de série do Mobi Trekking são: ar-condicionado; direção hidráulica; central multimídia de 7 polegadas com espelhamento sem fio; volante multifuncional; chave canivete com telecomando para abertura e fechamento das portas e vidros; banco do motorista com regulagem em altura; computador de bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo e autonomia); quadro de instrumentos com display digital de 3,5 polegadas (indicador de trocas de marchas, odômetro parcial e total, relógio digital, indicação do nível de combustível e temperatura do motor); vidros elétricos dianteiros (one touch e anti esmagamento) e travas elétricas nas 4 portas.

Em segurança, a versão oferece um pouco a mais que do os equipamentos obrigatórios. São eles: airbag duplo (motorista e passageiro); freios ABS com EBD; gancho universal para fixação cadeira criança (Isofix); três cintos de segurança retráteis e três encostos de cabeça no banco traseiro; ESS (Sinalização de frenagem de emergência); Lane Change (função auxiliar para acionamento das setas indicando trocas de faixa); barras de proteção nas portas e válvula antirrefluxo de combustível.

A unidade avaliada estava equipada com os dois pacotes opcionais disponíveis. O Pack Style (retrovisores externos elétricos com tilt down e luzes indicadoras de direção e rodas de liga leve 5.5 X 14 polegadas), no valor de R$ 2,2 mil, e o Pack Safety (controles de estabilidade e de partida em aclives) custando R$ 700,00. Nesta configuração, o preço final deste Mobi é R$ 76,48 mil.

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Motor e Câmbio – Todas as versões do Mobi são equipadas com o mesmo conjunto mecânico. O motor é o 1.0 Fire EVO bicombustível que conta com 4 cilindros em linha e 2 válvulas por cilindro em um comando simples tracionado por correia dentada.

Equipado com injeção indireta multiponto, ele desenvolve torque máximo de 9,7/9,3 kgmf às 3.250 rpm e a potência atinge 74/71 cv às 6.250 rpm com etanol e gasolina, respectivamente.

O câmbio é manual de cinco velocidades e a embreagem é do tipo monodisco a seco.

Entre os sub-compactos de 4 ou 5 lugares que já foram  montados no Brasil, o Mobi é o segundo menor, sendo poucos milímetros maior do que o finado Chery QQ.

Suas medidas externas são: 3,56 metros de comprimento; 1,66 metro de largura; 1,55 metro de altura e 2,30 metros de distância entre-eixos.

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O porta-malas tem 215 litros de capacidade e, o tanque de combustíveis, 47 litros. Seu peso em ordem de marcha é de 933 kg e sua carga total homologada é de 400 kg.

Interior – Como todo carro de entrada, o interior do Mobi é feito em plástico rígido. Os encaixes são bons e as peças são bem injetadas.

Alguns poucos parafusos estão aparentes, mas nenhuma parte metálica, pois todo o interior é revestido por peças plásticas ou por compostos de fibra e tecido, como o teto.

Algumas texturas nessas partes plásticas e pequenos detalhes cromados, em preto brilhante e, até em bronze, melhoram a simplicidade do acabamento interno.

Os bancos receberam um revestimento exclusivo da versão Trekking. Ele tem variações de cinzas, textura emaranhada ao centro do encosto e assento e arremate em linha na cor laranja.

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Mesmo sendo interiço, o apoio do encosto é bom, porém, a densidade da espuma é baixa nas duas partes, o que cansa em viagens mais longas.

O espaço interno não é generoso. Dois adultos se acomodam bem nos bancos dianteiros, sem sobra. Espaço para cabeça e ombros é bom, mas as pernas são limitadas pelo painel principal que fica um pouco baixo.

No banco traseiro, praticamente, só cabem duas pessoas mais baixas, mesmo assim, com pouco espaço para as pernas. Ao centro, só uma criança.

Contudo, o Mobi atende bem a um casal sem filhos que, eventualmente, irá circular com mais um ou, no máximo, dois passageiros. E por um curto percurso.

Além de pequeno, o espaço no porta-malas está disposto na vertical e é profundo, dificultando a colocação e a retirada da bagagem.

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Mas, o tamanho restrito traz alguma vantagem. Todos os comandos estão ao alcance das mãos e não exigem grande amplitude nos movimentos dos braços para serem alcançados.

Até os botões dos vidros elétricos estão bem posicionados. Corrobora com este acerto ergonômico a existência de botões físicos em todos os equipamentos de bordo, giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal.

A eficiência do ar-condicionado impressiona por se tratar de um carro com motor 1.0. Ele resfria muito rapidamente e entrega ótimo volume de ar para uma cabine tão pequena.

Seu ruído de funcionamento está na média da concorrência. Por ter comandos analógicos, permite operação “cega”, a mais segura.

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Bem completo, sistema multimídia está no nível dos modelos mais caros

O multimídia, entre os novos, é o menor do grupo Stellantis, mas é bem completo. Dotado de quatro botões, dois de pressão e função única, e dois giratórios com mais de uma função, ele tem uma usabilidade melhor do que alguns modelos sem botões, mesmo os maiores.

Com boas características técnicas como definição de tela, sensibilidade ao toque e velocidade de processamento, ele é, provavelmente, o melhor entre os aparelhos de sete polegadas.

Oferecer espelhamento sem fio é um diferencial entre os seus pares. Atualizado, o sistema Android Auto é o melhor existente e permite aplicativos múltiplos em tela única.

O computador de bordo é acionado na alavanca satélite e, não, nos botões do volante. Mesmo assim, oferece as informações necessárias para navegação em estradas.

Em página dedicada no multimídia, essas informações são replicadas e complementadas por outros dados, conjunto muito completo para um carro mais básico.

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Já o áudio, é mais condizente com a categoria do modelo. Tem qualidade razoável, mas falta potência no som para reproduzir músicas provenientes de aplicativos de streaming em volumes mais altos, algo que acomete até multimídias de carros bem mais caros.

Modelo com foco em custo, o Mobi é equipado com os sistemas mais antigos disponíveis na linha Fiat.

Para o bem, ou para o mal, estes equipamentos entregam alta confiabilidade e baixo custo de manutenção, principalmente em comparação ao Kwid. Mas, a falta de tecnologias mecânicas deixa o subcompacto menos eficiente e confortável do que o rival francês.

Direção Hidráulica – A direção hidráulica é um sistema ultrapassado e não deixa o volante tão leve quanto os equipamentos elétricos. Mesmo funcionando a contento em manobras de estacionamento, e ao circular por ruas e estradas, falta a leveza que já virou o padrão atual.

Pelo menos, em relação aos sistemas elétricos da Fiat, essa direção hidráulica entrega assistência mais adequada em todas as velocidades, pois nos modelos mais modernos da marca o volante costuma ficar pesado em velocidades intermediárias.

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O tamanho encurtado do Mobi facilita a circulação entre pilastras de garagem ou entre carros no trânsito urbano, ajudado pela boa visibilidade para frente e para os lados.

Mas, a visão cruzada e a traseira são limitadas, pois a coluna “C” se une ao aplique da janela traseira e à caixa da lanterna criando um grande ponto cego e deixando, apenas, uma pequena parte translúcida no grande vidro traseiro que faz a vez da porta do porta-malas.

Para piorar, a Fiat eliminou o sensor traseiro de aproximação, recurso que ajudava minimizar essa limitação.

Atualmente, o Mobi só usa este motor da linha Fire, a mais antiga e confiável da Fiat. A descontinuada versão Drive trazia o tricilíndrico Firefly, mais eficiente, porém, mais caro para adquirir e manter.

O Fire 1.0 se sai muito bem no Mobi, cumprindo as necessidades urbanas com desenvoltura. Para isso, suas relações de marcha são curtas, garantido arrancadas e retomadas vigorosas no trânsito. Em rodovias, este acerto cobra seu preço.

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Rodando – Circulando aos 90 km/h e aos 110 km/h, e de quinta marcha, o motor trabalha próximo às 2.900 rpm e às 3.250 rpm, respectivamente.

Na primeira condição, os ruídos do diferencial e do arrasto aerodinâmico se sobressaem ao barulho do motor e dos pneus. Mesmo nessa velocidade menor, é preciso manter algum curso no acelerador, pois, ao tirar o pé, o carro já entra em freio motor.

Circulando na condição mais rápida, evidentemente, é necessário um maior curso deste pedal, mas o deslocamento do carro se mostra mais estável e a velocidade tende a oscilar menos.

Entretanto, como esperado, o ruído do motor vira protagonista, o do diferencial quase desaparece e o do vento contra a carroceria e do atrito dos pneus ficam em segundo plano, bem contidos.

Também tradicional, o confiável câmbio manual da Fiat continua o mesmo. Ele tem curso longo e batente “muxibento”, apesar dos engates precisos.

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Com algum tempo de adaptação, se acostuma com essas características e o cambiar se torna eficiente, sobressaindo à qualidade dos engates.

O que impressiona no Mobi é o acerto das suspensões. Mesmo com essa pequena distância entre-eixos, o modelo não fica arisco, pulando na mínima ondulação do asfalto.

Além disso, elas absorvem bem as irregularidades do piso e garantem um ótimo conforto de marcha para um carro subcompacto.

Com as suspensões elevadas, a carroceria aderna um pouco mais, mas sem perder a estabilidade em uma condução responsável.

Por outro lado, a versão passa sobre lombadas, e entra e sai de rampas, sem raspar os para-choques ou o fundo do carro. Até em estradas de terra ele anda bem, copiando o terreno e mantendo a tração acima da média para um sistema 4×2.

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Consumo – O Mobi Trekking se saiu como esperávamos em nossos testes padronizados de consumo. Ele foi econômico para um carro com motor 1.0 de quatro cilindros, menos do que seria com o motor Firefly de três cilindros.

No circuito rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e, a outra, os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.

Na volta mais lenta, atingimos 14,2 km/l. Na mais rápida, 12,8 km/l, sempre com etanol no tanque.

Em nosso circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso.

A versão finalizou este exigente teste com 8,1 km/l com etanol. Se contasse com o sistema stop/start, assim como no Kwid, o consumo seria melhor.

20230211_183232Fotos: Amintas Vidal

A Fiat mantém uma linha restrita para o Mobi, só a versão de entrada Like e essa Trekking. Após reposicionamento de preços e equipamentos do modelo no princípio deste ano, ela deixou claro que a primeira versão mira os frotistas e, a segunda, os entusiastas por subcompactos.

Concorrendo com o Renault Kwid, um modelo mais moderno, mas entregando mais robustez e confiabilidade do que ele, o Fiat Mobi se mostra um carro mais adequado aos péssimos pavimentos de nossas ruas e estradas.

E com um custo de manutenção mais apropriado para empresas e particulares que visam economizar no pós venda.

*Colaborador

Acesse o nosso site: http://www.diariodocomercio.com.br

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