Picape possui motor 3.0 turbo diesel capaz de render até 272 cv de potência
Amintas Vidal* (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 03/09/2021)
Há décadas que as picapes se tornaram mais do que simples veículos utilitários. Nos anos de 1980, modelos médios ganharam cabines duplas feitas em fibra de vidro e eram ostentadas por criadores de cavalos e gados.
Nos anos de 1990, elas chegavam importadas, já configuradas com as quatro portas e com design e equipamentos que enchiam seus donos de orgulho. Nos primeiros quinze anos deste século, os modelos compactos, mais usados em cidades do que no próprio campo, tiveram suas cabines ampliadas, receberam bancos e, posteriormente, portas traseiras para se adaptarem ao uso urbano.
Nos últimos cinco anos, foi a vez das picapes intermediárias. Com espaço interno e capacidade de carga próximos aos das médias, porém, com tamanho contido, estes modelos estão vendendo muito.
Correndo por fora, picapes de alto desempenho chegam importadas para atenderem a um segmento de nicho, uma vez que seus valores são duas, ou três vezes, maiores que dos modelos produzidos no Mercado Comum do Sul (Mercosul).
A Volkswagen, aproveitando o aumento generalizado dos valores de todos os veículos, equipou a Amarok, sua picape média, com um motor a diesel V6, entregando muito desempenho e preços, ainda, competitivos.
O DC Auto recebeu a Volkswagen Amarok Extreme 3.0 V6 TDI 4Motion para avaliação, versão topo de linha da picape.
Na tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), seu preço sugerido é R$ 289,38 mil. Este preço se aplica a todas as cores, inclusive para este prata da unidade avaliada ou para as outras, também metálicas (azul, cinza, preta e branca).
Equipamentos – Só existem dois opcionais para a Amarok Extreme: a capota marítima, vendida por R$ 1,32 mil e o pacote Black Style, que traz algumas peças em preto brilhante (rodas, para-choque traseiro, retrovisores e detalhes do painel principal). Seu preço é R$ 2,11 mil.
Os principais equipamentos de série da Amarok Extreme são: ar-condicionado digital Climatronic de duas zonas; direção hidráulica; sistema multimídia Discover Media com App-Connect, CD-player/MP3, bluetooth, SD-card, e navegação; computador de bordo com display colorido; volante multifuncional com shift paddles para trocas de marchas manuais; bancos dianteiros com ajustes elétricos (motorista e passageiro); bancos revestidos com material sintético que imita o couro e Nappa; retrovisores externos com acionamento elétrico, aquecimento e rebatimento elétrico; engate removível para reboque; ganchos para amarração de carga na caçamba (seis) e rodas em liga leve de 20 polegadas calçadas com pneus 255/50 R20.
No quesito segurança podemos destacar: seis airbags; ABS off-road; ESC (controle eletrônico de estabilidade); HDC (controle automático de descida); HSA (assistente para partida em subida); sistema de frenagem automática pós-colisão; indicador de perda de pressão dos pneus; tração 4Motion 4×4 permanente; travamento mecânico do diferencial traseiro; faróis bixênon com luz de condução diurna em LED; faróis de neblina com luz estática de conversão; lanterna de neblina traseira; sensor crepuscular com a função coming and leaving home; sensor de chuva; retrovisor interno eletrocrômico; regulagem elétrica da altura dos faróis; controle eletrônico de velocidade (piloto automático); indicador do nível de água do lavador do para-brisa; câmera de marcha à ré e sensores de estacionamento dianteiros e traseiros.
Motor e Câmbio – As versões Highline e Extreme têm o mesmo conjunto mecânico. O motor 3.0, cujo bloco de 6 cilindros é configurado em “V”, tem exatos 2.967 cm³ de capacidade.
Equipado com turbo compressor, injeção direta de combustível e duplo comando de válvulas no cabeçote tracionado por corrente, ele atinge potência máxima de 258 cv as 3.250 rpm e seu torque chega aos 59,1 kgfm às 1.400 rpm.
Por períodos de 5 segundos, em intervalos de 10 segundos, é possível acionar o pedal do acelerador até o fim do curso e ativar o overboost para atingir 272 cv.
O câmbio é automático convencional de oito (8) velocidades com conversor de torque. As marchas podem ser trocadas por meio da alavanca de câmbio ou das aletas posicionadas atrás do volante. A tração é integral, permanente, e conta com diferencial central mecânico de funcionamento autônomo.
Em dimensões, a Amarok tem 5,25 metros de comprimento; 1,94 metro de largura; 1,83 metro de altura e entre-eixos de 3,10 metros. Com 240 mm de vão livre, ela apresenta capacidade de submersão de 500 mm.
Seus ângulos de ataque, central e de saída estão na média da categoria: 30°, 23° e 22°, respectivamente. Com este motor, a Amarok pode rebocar 750 kg em equipamentos sem freios e até 2.710 kg em sistemas com freios.
A caçamba tem um volume útil de 1.280 litros e pode carregar até 1.156 kg no total, considerando carga e pessoas a bordo. Seu peso é de 2.134 kg e o tanque de combustível comporta 80 litros.
Interior – A ergonomia da Amarok é diferenciada. Os bancos dianteiros, além de terem ajustes elétricos, inclusive lombares, são modelos premiados na Europa, usados em diversos carros da marca.
Muitas outras peças são usadas em modelos comercializados no Brasil, como o volante multifuncional e o sistema de refrigeração, por exemplo. O painel é exclusivo da picape, mas muito semelhante aos existentes nos carros da marca.
Enfim, ao comando da Amarok, parece que se está em um automóvel grande, com ótimo espaço para quatro adultos. Um quinto ocupante é atrapalhado pelo porta-copo posicionado sobre o túnel central, necessitando deixar os pés afastados para ficar confortável. Mas, mesmo assim, ele se acomoda bem, com bastante espaço para os ombros e a cabeça.
Todos os painéis e peças internas são feitas em plástico rígido, bem injetado, sem rebarbas e com encaixeis corretos. Suas texturas não são agradáveis ao toque, nem mesmo na área macia dos apoios de braço das portas. Pelo menos, este aplique foi feito nas quatro portas, e não somente nas dianteiras.
O ótimo revestimento dos bancos e do apoio de braço central é amigável ao tato, destoando positivamente das outras superfícies. O tecido do teto e as peças plásticas que revestem as colunas são pretos, conferindo mais esportividade à cabine.
Multimídia, ar-condicionado e faróis têm comandos giratórios para as funções principais e de pressão para as secundárias, arquitetura ideal. Todos eles estão à mão, permitem uso cego e não exigem grandes deslocamentos para serem acessados.
Os comandos dos vidros e retrovisores elétricos, assim como os puxadores e maçanetas das portas, também estão bem posicionados. Fechando estes acertos, existem alças de teto para as quatro portas e alças de colunas para três, menos no lado do motorista, característica que facilita muito o acesso em picapes médias, normalmente, modelos muito altos.
Versão topo de linha é bem equipada, mas tecnologias precisam ser atualizadas
A Amarok é muito bem equipada, mas alguns destes dispositivos são antigos, apesar de eficientes. A direção tem assistência hidráulica, e não elétrica, como os sistemas mais modernos.
Contudo, ela é pesada em manobras de estacionamento, mas adequada para circular em ruas e, principalmente, em estradas. Os faróis bixênon têm luz branca e bom alcance, porém, os em LED são mais eficientes.
O sistema multimídia tem tela de apenas seis polegadas, espelhamento por cabo e até CD player, algo que entrega sua idade. Mesmo assim, funcionou com precisão, tanto espelhando o celular por meio do Android Auto quanto pareando o mesmo por bluetooth. Definição da tela, sensibilidade ao toque e velocidade de processamento estão defasados em relação aos equipamentos atuais.
O ar-condicionado de dupla zona é eficiente em tempo de resfriamento e manutenção de temperatura. Ele funciona em silêncio, permite regulagem de meio em meio grau e tem ótimo fluxo de ar. Como dissemos anteriormente, seu manuseio é fácil, pois os botões têm tamanhos e funcionamento correto.
O volante multifuncional tem ótima pega e tamanho. As suas regulagens em altura e profundidade são amplas e ajudam muito no acerto da posição ao volante. Os botões estão bem distribuídos,: à esquerda, diversas funções do sistema de som e, à direita, o computador de bordo e a telefonia. Seus ícones são pequenos e não ajudam na identificação visual, mas quando se memoriza, a usabilidade fica adequada.
Os sensores de aproximação, dianteiros e traseiros, são essenciais à Amarok. A picape é grande, o diâmetro de giro pequeno e estacioná-la não é fácil. A câmera de marcha à ré também ajuda, mesmo com pouca definição de imagem e com guias gráficas que não se movimentam para indicar o trajeto quando esterçamos a direção.
Rodando – A Amarok Extreme, versão de topo da gama, traz rodas de 20 polegadas. Cobiçadas por sua estética chamativa, elas não colaboram com o conforto de marcha em nenhum carro, muito menos em picapes médias que são montadas sobre chassis, usam eixos rígidos e fechos de mola na traseira.
Mais adequada para o asfalto, essa versão entrega conforto em pisos lisos e pouco ondulados. Ao passar sobre pistas esburacadas, ou estradas de terra muito irregulares, os pneus aparentam sofrer com os impactos e as suspensões transferem as vibrações para a cabine.
O desempenho é a grande vocação da Amarok. Além do potente motor, o mais forte do segmento, seu câmbio também é o melhor entre os seus pares. As marchas são trocadas rapidamente e de forma precisa, sem trancos ou deslizamentos no conversor de torque.
As trocas manuais ajudam muito no desempenho e, também, no uso do freio motor, pois o sistema é permissivo, aceitando reduções agressivas que elevam a rotação do motor próximo ao limite de segurança.
O motor acorda ao mínimo curso do acelerador. A turbina enche rapidamente e o torque empurra as mais de duas toneladas com ânimo.
Segundo a montadora, a picape atinge 100 km/h em 7,4 segundos, marca de dar inveja a todos os automóveis produzidos no Brasil. A velocidade máxima é limitada eletronicamente em 190 km/h, medida providencial em um veículo tão alto e pesado.
Aos 90 km/h, e de oitava marcha, o motor trabalha às 1.600 rpm. Aos 110 km/h, e na mesma marcha, sua rotação sobe para às 1.900 rpm. O interessante é que, andando mais rápido, o motor fica mais silencioso e o movimento da picape fica mais estável, pois a inércia colabora com o deslocamento.
Consumo – Essa diferença dinâmica influenciou em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, pois as médias registradas entre as duas velocidades foram, relativamente, pequenas.
No teste rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo os 90 km/h e, outra, os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. O mesmo motorista, tanque com o mínimo de ¾ de combustível, vidros fechados, faróis acesos, ar-condicionado na temperatura média e ventilação na segunda velocidade completam a padronização.
Na menor velocidade, o consumo foi de 13,3 km/l e, na volta mais rápida, a média registrada caiu para 12,2 km/l de diesel.
O nosso circuito de teste padronizado de consumo urbano tem 6,3 km. Nele, realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos.
Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso. Seguindo os padrões complementares descritos anteriormente, a Amarok V6 atingiu a média de 7,7 km/l de diesel.
A versão Extreme tem diversos diferenciais estéticos e as rodas maiores, um conjunto que deixa a picape mais esportiva, tanto visualmente quanto dinamicamente, mas que sacrifica o conforto ao rodar.
Fotos: Amintas Vidal
Já versão Highline 3.0 V6 TDI 4Motion é menos atrativa aos olhos, mas custa menos (R$ 277,65 mil – Fipe) e oferece maior conforto de marcha, sendo uma opção bem interessante.
*Colaborador
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