Plataforma moderna eleva a qualidade do Taos

Avaliamos a versão de entrada do utilitário esportivo médio da Volkswagen

Amintas Vidal*  (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 10/12/2021)

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Este foi o ano do SUV médio no Brasil. Em 2021, Volkswagen Taos e Toyota Corolla Cross chegaram para encarar o líder, o Jeep Compass. 

Até o fechamento de novembro, o Taos registrou 6.270 emplacamentos, o Corolla Cross vendeu 29.674 unidades e, o Jeep Compass, manteve a dianteira com 64.255 unidades emplacadas, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

O Toyota Corolla Cross e o VW Taos foram lançados em março e maio deste ano, respectivamente, e não tiveram muitos meses para pressionar o Compass. Também, sofreram muito mais com a crise dos semicondutores, pois, por serem produtos novos, não tinham estoque de peças formado antes deste contratempo.

Somente quando as suas ofertas estiverem reestabelecidas, eles mostrarão o potencial de mercado que terão ao encarar o modelo da Jeep em igualdade de condições.

O DC Auto recebeu o Volkswagen Taos Comfortline para avaliação, versão de entrada do SUV. No site da montadora, seu preço é R$ 168,49 mil na cor preta, curiosamente, uma pintura perolizada. A cor branca sólida custa R$ 595,00 e, as outras, prata e cinza metálicas, R$1,41 mil.

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Os principais equipamentos de série da versão Comfortline são: sistema multimídia VW Play com trela de 10 polegadas, resolução HD+ e aplicativos nativos; painel de instrumentos digital de 8 polegadas; três entradas USB tipo C; carregamento de celular por indução; antena tipo barbatana de tubarão; ar-condicionado Climatronic com ajuste de temperatura de duas zonas e saídas para o banco traseiro; sistema Kessy (acesso ao veículo sem o uso da chave e botão para partida do motor); direção elétrica; freio de estacionamento eletromecânico; sistema start-stop; rodas de liga leve 18 polegadas calçadas com pneus 215/55 R18; vidros elétricos dianteiros e traseiros com função one touch nos dianteiros e  volante multifuncional com paddle shift para troca de marchas.

Segurança – Em matéria de segurança, diversos equipamentos a mais que os obrigatórios está presentes: seis airbags (dois frontais, dois laterais nos bancos dianteiros e dois do tipo cortina); controles eletrônicos de estabilidade (ESC) e de tração (ASR); sistema de frenagem automática pós-colisão; detector de fadiga; assistente de partida em inclinações;  espelho retrovisor interno eletrocrômico e sensores de chuva e crepuscular; lanternas traseiras, faróis e luz de condução diurna em LED; regulagem de altura do facho do farol; retrovisores externos eletricamente ajustáveis com função tilt down no lado direito; câmera traseira e sensores de estacionamento dianteiros e traseiros;  alerta sonoro e visual de não utilização dos cintos de segurança dianteiros e traseiros e indicador de pressão dos pneus são os principais.

Dois opcionais, que não estavam presentes na unidade avaliada, podem ser adquiridos. O Pacote Segurança, no valor de R$ 5,2 mil, traz piloto automático adaptativo e frenagem automática de emergência com detector de pedestre.

Por R$ 5,89 mil, o Pacote Conforto acrescenta revestimento em material sintético que imita o couro para todos os bancos, aquecimento para os dois dianteiros e regulagem elétrica para o do motorista.

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Motor e Câmbio – O motor do Taos é o 250 TSi bicombustível. Ele tem 1.395 cm³ de capacidade e 4 cilindros em linha. Conta com 16 válvulas em um duplo comando tracionado por correia dentada e com variação na abertura das válvulas, tanto na admissão, quanto na exaustão. É sobrealimentado por turbocompressor de baixa inércia e tem injeção direta de combustível.

O motor 1.4 turbo desenvolve potência máxima de 150 cv às 5.000 rpm com etanol ou gasolina. Seu torque máximo de 250 Nm (25,5 kgfm) surge à baixas 1.400 rpm e se mantém plano até 3.500 rpm, também com os dois combustíveis.

A transmissão é automática convencional de seis (6) marchas com conversor de torque. Ela conta com programação sport e possibilidade de trocas por meio da alavanca de câmbio ou das aletas posicionadas atrás do volante. Com este conjunto, a Volkswagen informa que o Taos acelera de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos e tem velocidade máxima de 194 km/h.

Em outubro deste ano, avaliamos o Jeep Compass Longitude, justamente a versão concorrente do VW Taos Comfortline. O Jeep custa R$ 1,50 mil a menos e traz revestimento sintético que imita o couro nos bancos e controles elétricos do banco do motorista, itens opcionais no Taos, como descrito anteriormente.

Em compensação, o carregamento de celular por indução e o sensor de estacionamento dianteiro são equipamentos de série no modelo da Volkswagen.

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Na dianteira, o Taos é um pouco mais ousado que os outros SUVs da marca. Quebrando a predominância horizontal das grades dos outros modelos, no Taos, ela tem um recorte em “X”, desenho que deixa espaço para duas entradas de ar laterais que conferem esportividade ao seu para-choque dianteiro.

No mais, o bom e nada datado design Volkswagen prevalece. Laterais com vincos pronunciados, horizontais e contínuos dão movimento à carroceria e, na traseira, lanternas e vincos horizontais caracterizam o equilíbrio presente em todos os outros carros da linha.

Interior – Internamente, o design continua pragmático. Igualmente horizontal, ele é funcional e ergonômico. Não enche os olhos como o novo interior do Compass, mas é limpo, bem resolvido e sem exageros estilísticos.

Nessa versão, os materiais usados nos acabamentos não favorecem a qualidade interna percebida, pois em quase todas as partes o plástico rígido é o que sobressai. A parte central do painel principal tem uma cor azulada, diferenciada dos outros diversos tons de cinza empregados, mas é fosca, com aparência muito simples.

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Até o revestimento sintético com costuras aparentes e leve acolchoamento, presente na base do painel central e nos encostos de braços das portas dianteiras, não é muito sofisticado. A parte superior das portas dianteiras são as únicas áreas emborrachadas, realmente, macias ao toque.

Este mesmo material sintético é usado nas laterais dos bancos dianteiros que, juntamente com os traseiros, são revestidos com tecidos que apresentam variações na cor cinza, texturas e desenhos em baixo relevo que enriquecem o interior monocromático do Taos.

Porém, uma simplificação destoa do ótimo conjunto do Taos. O botão de acendimento dos faróis é menor e mais simples do que o utilizado no SUV compacto T-Cross. Essa peça do Taos perde em tamanho, até mesmo, para o botão usado no Gol, o carro de entrada da marca.

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Plataforma MQB – Sempre dissemos que um carro é tão bom quanto a sua plataforma. É aí que a Volkswagen começa a virar o jogo. A plataforma MQB, uma das melhores do mundo, está presente em seis dos dez modelos vendidos no Brasil: Polo, Virtus, Nivus, T-Cross, Taos e Jetta.

Ótimo espaço interno, ergonomia acertada, dirigibilidade superior e alto nível de segurança são as principais qualidades destes carros. Características que fazem com que sejam melhores que todos os seus concorrentes nacionais, pelo menos nestes quesitos, os mais importantes em nossa opinião.

O espaço na cabine do Taos é o melhor entre os SUVs médios de cinco lugares. Quatro adultos se acomodam com grande área para cabeça, ombros e pernas. Ao centro do banco traseiro, o quinto ocupante precisa acomodar-se com as pernas abertas, pois o túnel central é alto. Mesmo assim, nessa posição, existe mais espaço do que nos seus rivais.

As principais medidas do Taos, não por acaso, são as maiores entre os concorrentes. Os 2,68 metros de distância entre-eixos, os 4,44 metros de comprimento e os 1,84 metro de largura garantem a amplitude para os passageiros.

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Já os ótimos 498 litros garantem espaço para as bagagens no porta-malas. No Compass, são apenas 410 litros. Em seu tanque de combustíveis cabem 51 litros, 9 litros a menos do que no Jeep.

A posição ao volante é um capítulo à parte. Em mais uma qualidade da plataforma MQB, o banco fica mais próximo ao piso, permite uma postura mais esportiva. O motorista se sente mais integrado ao carro, menos isolado da sua estrutura. Seu corpo fica alinhado com o volante e os pedais e os diversos comandos estão todos à mão, uma ergonomia acertada.

O sistema de ar-condicionado contribui com este acerto, pois todos os seus botões são físicos, giratórios para as operações principais e de pressão para as secundárias. O funcionamento é silencioso e muito eficiente em fluxo de ventilação, tempo de resfriamento e manutenção da temperatura.

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Estabilidade e conforto do modelo estão entre suas melhores características

O sistema multimídia está entre os melhores do mercado. Definição da tela, sensibilidade ao toque e velocidade de processamento são superiores às da concorrência. Em tamanho, a tela empata com a do Compass.

Faz falta um botão físico para o volume. Mesmo existindo um controle por toque deslizante de fácil operação, ele não supera o reconhecimento cego dos botões físicos por meio do tato.

Programas de navegação, de músicas por streaming e de pagamento em estabelecimentos comerciais, por exemplo, são nativos do equipamento, permitindo sua utilização sem a necessidade do celular, embora seja possível pareá-lo por meio do Apple Carplay (sem fio) e do Android Auto (com fio).

Entretanto, não existe um chip de operadora embarcado no multimídia, com isso, é necessário compartilhar o sinal de internet do próprio celular. Segundo a Volkswagen, uma opção para que o usuário não precise contratar outro plano de dados e use apenas um único para o smartphone e o carro.

O sistema de som não é assinado por marca especializada em áudio, mas reproduz músicas baixadas na internet com potência e qualidade razoáveis.

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O painel digital, equipamento de série no Taos e inexistente no Compass Longitude, permite três configurações visuais e a escolha das informações exibidas. Inclusive, um destes modos exibe a velocidade ao centro e dois outros dados quaisquer do computador de bordo, do multimídia ou do câmbio, uma ótima opção para múltiplas visualizações.

Os sensores de estacionamento ajudam bastante em manobras, amenizando a pouca visibilidade cruzada. Mas, as guias gráficas não são dinâmicas como são no Compass, recurso que seria muito bem vindo ao Taos.

A direção elétrica também contribui nestes momentos, fica muito leve quando esterçada com o carro parado ou em baixas velocidades. Além de ganhar peso adequadamente, sua calibragem permite interação do motorista com as rodas, pois é mais direta, menos anestesiada, um acerto que casa perfeitamente com a esportiva posição ao volante que destacamos ao analisar a ergonomia.

A grande rigidez da plataforma MQB é responsável por uma característica que observamos em todos os modelos que usam essa arquitetura. O carro se mantém estável, não sofre com torções, e as suspensões trabalham mantendo a carroceria mais estabilizada que em modelos de outras marcas.

A calibração de molas e amortecedores entrega muita estabilidade, opção que, normalmente, sacrifica o conforto. Mas, no Taos, percebemos que este desconforto é amenizado, tanto pelas suspensões independentes nos dois eixos, como por essa estrutura sólida do monobloco.

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Paradoxalmente, sentimos integrados à máquina quando conduzimos o Taos, mas, ao mesmo tempo, parece que a rígida estrutura está desconectada das suspensões, pois elas aparentam trabalhar de forma independente, tamanho o contraste entre a estabilidade da base em relação ao volume de oscilações do conjunto responsável pelo amortecimento. 

Como não existe milagre, com o acerto mais voltado para a estabilidade, vibrações são sentidas no volante e na cabine, mas nada que tire o prazer de dirigir um SUV com respostas dinâmicas semelhantes às de um bom sedan.

O conjunto motor e câmbio corrobora neste deleite. Não transformam o Taos em um esportivo, certamente, mas entregam desempenho e precisão na condução. O motor garante arrancadas espertas e retomadas seguras. O câmbio faz trocas suaves e antecipadas, deixando o carro aproveitar o deslocamento por inércia, colaborando com o baixo consumo e o silêncio a bordo.

No modo Sport, as marchas são alongadas e o silêncio é quebrado mais frequentemente, o preço pago por uma tocada mais esportiva. Usar o modo manual, trocando as marchas na alavanca ou nas aletas, tanto para acelerar, quanto para reduzir com o freio motor, são intervenções muito eficientes, pois a programação permite que o motor trabalhe em rotações elevadas nas duas situações.

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A maior vantagem da plataforma MQB é a alta tecnologia estrutural. Com ela, os carros da Volkswagen são superiores na proteção da vida humana em acidentes severos. Todos os modelos sobre essa base receberam classificação máxima nos testes de colisão realizados pelo Programa Europeu de Avaliação de Novos Carros (Euro NCAP), cinco estrelas, e seus percentuais de proteção são os mais altos nas suas respectivas categorias, ou estão entre os mais elevados.

No Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe (Latin NCAP), todos os modelos projetados sobre a plataforma MQB são os mais seguros em seus segmentos e suas notas obtidas são muito maiores que as dos seus concorrentes diretos.

O Taos, avaliado recentemente, é o primeiro e único modelo a obter cinco estrelas no atual protocolo da entidade. De todos os nove carros avaliados nesta nova fase, sete zeraram, um obteve uma estrela e só o Taos gabaritou.

Consumo – O Taos se saiu bem em nossos testes padronizados de consumo usando etanol. No circuito rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. Na volta mais lenta atingimos 12,6 km/l, na mais rápida, 11,1 km/l.

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Em nosso circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5s e 50s. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso.

O SUV da Volkswagen finalizou o teste com 7,1 km/l. Vale observar que o sistema stop/start, que poderia ajudar no consumo, não funcionou neste circuito. Para manter o ar-condicionado na temperatura regulada e vencer tantas subidas no trajeto, o motor não foi desligado durante o teste.

O VW Taos pode não ser tão atrativo visualmente quanto o Compass, nem aparentar tanto requinte interno, mas entrega dirigibilidade superior, além de ser mais espaçoso e, certamente, muito mais seguro do que o modelo da Jeep.

O VW Taos Comfortline tem preço e equipamentos equivalentes ao Jeep Compass Longitude e é uma ótima opção à essa versão, a mais vendida do líder da categoria.

DSCN9967Fotos: Amintas Vidal

*Colaborador

Acesse o nosso site: http://www.diariodocomercio.com.br

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