Dificuldades nas cadeias produtivas, alta nos juros e sazonalidade afetam o mercado em janeiro
Da Redação (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 04/02/2022)
De acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), os emplacamentos de veículos apresentaram retração em janeiro. Na comparação com dezembro/2021, a queda foi de 31,64%. Já em relação janeiro de 2021, a baixa foi de 15,79%.
“O resultado é conjuntural e acontece, principalmente, em função dos baixos estoques das Concessionárias, em dezembro, da persistente falta de produtos – ainda provocada pela escassez de insumos e componentes e, também, devido à sazonalidade do período. Além desses fatores, a alta nas taxas de juros restringiu a aprovação de crédito para financiamentos e, também, tivemos queda na renda do consumidor, pelo aumento da inflação, em que pese tenhamos tido melhora dos níveis de emprego no país. Avaliando a sazonalidade, lembro que, em janeiro, a renda familiar fica mais comprometida, em função dos impostos e gastos com matrículas e materiais escolares, por exemplo, o que acaba afetando a decisão de compra do consumidor”, explicou José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave.
Também as fortes chuvas, que vêm ocorrendo em várias localidades do País, assim como o aumento do contágio das pessoas, pela variante Ômicron, têm provocado queda na passagem de loja, segundo avaliação do presidente da entidade.
Automóveis e Comerciais leves – Para o Andreta Jr., a queda nas vendas de autos e leves pode ser explicada pelo cenário econômico e conjuntural, assim como pela continuidade da crise global de abastecimento de componentes para a regularização da produção de veículos. “Incertezas sobre a economia, as altas nas taxas de juros, com maior seletividade para a oferta de crédito afetam as condições de financiamento, e a falta de produtos, somada à piora dos índices da pandemia e às intensas chuvas, em algumas regiões, provocaram queda na passagem de loja”, analisou o presidente, que afirma que a taxa de aprovação dos financiamentos gira em torno de 68% das propostas.
Caminhões – O segmento continua aquecido, com a programação de entrega seguindo o ritmo de produção da indústria. “Ainda existe espera por alguns modelos, mas, aos poucos, a demanda vai sendo atendida. Em dezembro de 2021, houve um grande volume de emplacamentos o que, se comparado a janeiro de 2022, resultará na retração que tivemos, de quase 29%. O resultado do primeiro mês de 2022 é o melhor, entre os meses de janeiro, desde 2014”, disse Andreta Jr.
Ônibus – O segmento mais afetado pela pandemia tem perspectivas de melhora neste ano. “Os emplacamentos de Ônibus registraram aquecimento nos últimos meses de 2021, em que pese a base comparativa baixa. Os programas governamentais de transporte público, como o Caminho da Escola, podem ajudar na recuperação deste segmento este ano”, disse o presidente da Fenabrave.
Implementos Rodoviários – Após registrar seu melhor desempenho histórico, em emplacamentos, em 2021, os Implementos Rodoviários continuam com boa demanda e mantêm um cenário favorável para os próximos meses. “Assim como Caminhões, a procura continua alta e o segmento tem condições de renovar e até superar o recorde atingido no ano passado. As quedas registradas são resultado da maior entrega de produtos, em dezembro, mas podemos observar estabilidade sobre janeiro do ano passado”, avaliou José Maurício Andreta Jr.
Motocicletas – O cenário de demanda segue positivo, para o segmento de duas rodas, mas, os baixos níveis de estoque nas concessionárias e o impacto do aumento dos juros, que tem provocado maior restrição para a concessão de crédito, nos financiamentos, são desafios a serem superados. “Hoje, a aprovação de financiamento gira em torno de 37% das propostas enviadas aos bancos. As vendas estão estabilizadas em um bom nível, mas a dificuldade de crédito e da normalização da produção são questões para as quais estamos atentos”, disse Andreta Jr.
Projeções – Divulgadas no início do ano, as Projeções para os Emplacamentos de Veículos Zero KM, em 2022, se mantiveram inalteradas.
Acompanhe, a seguir, as perspectivas para este ano, lembrando que a Fenabrave costuma rever as projeções a cada trimestre:
Tabelas: Fenabrave / Divulgação
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