Renault Duster ganha motor turbo na linha 2023

Esse tipo de motorização era aguardada deste o lançamento do modelo 2021 do SUV

Amintas Vidal*  (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 21/10/2022)

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Se existe uma tendência que virou realidade, ela responde por Sport Utility Vehicle, o famoso SUV. Surfando na mesma onda, o downsize está quase lá. A tecnologia de reduzir o volume cúbico dos motores e utilizar turbocompressores já está presente nas principais montadoras.

Na Renault, o motor turbo 1.3 nasceu da sua aliança com a Nissan e a Mitsubishi, em parceria com a Daimler. Inicialmente, apenas o Captur, seu SUV compacto premium, recebeu este propulsor.

Agora, tanto a picape Oroch, quanto o SUV compacto Duster, ganharam uma versão com esta motorização.

O DC Auto recebeu o Duster Iconic 1.3  TCe  flex para avaliação, versão de topo da gama. No site da montadora, seu preço sugerido é de R$ 143,39 mil.

A unidade avaliada tinha pintura metálica na cor bege Dune, que custa R$ 1,65 mil, e o pacote opcional Outsider Pack, no valor de R$ 1,8 mil. Finalizando, R$ 146,84 mil é o preço atualizado do Duster avaliado.

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O opcional Outsider Pack acrescenta faróis de longo alcance, os verdadeiros “faróis de milha”, que trabalham exclusivamente em conjunto aos faróis altos. Eles vêm instalados sobre uma espécie de para-choque de impulsão feito em plástico.

Também neste pacote, os protetores plásticos das portas são volumosos e compõe bem com o design robusto do Duster.

No mais, o Duster Iconic turbo não tem outros opcionais. Seus principais equipamentos de série são: ar-condicionado automático; direção elétrica; volante com regulagem de altura e profundidade e revestimento premium; chave-cartão com sensor presencial; central multimídia Easylink 8 polegadas; sistema stop & start; vidros dianteiros e traseiros com função one touch e sistema antiesmagamento; retrovisores externos e barras de teto na cor preta; alargadores de para-lamas; rodas em liga leve diamantadas de 17 polegadas calçadas com pneus 215/60 R17 e revestimento dos bancos em material sintético que imita o couro.

Em segurança, os destaques são: dois airbags frontais; freios ABS; sistema Multiview de câmeras; detector de ponto cego; sensor de estacionamento traseiro; assistente de frenagem de emergência (AFU); controle eletrônico de estabilidade (ESP) com auxílio de partida em rampa (HSA); faróis de neblina; acendimento automático dos faróis; alerta de cinto de segurança não afivelado e controlador e limitador de velocidade.

Motor e Câmbio – Como aconteceu no Captur 2022, o motor 1.3 TCe é a grande novidade nas linhas Duster e Oroch 2023.

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O seu volume total é de 1.332 cm ³ (333 cm ³ por cilindro) e sua taxa de compressão é de 10,5/1. O bloco tem 4 cilindros em linha, cabeçote em formato delta, duplo comando tracionado por corrente e 16 válvulas com variação de abertura na admissão e no escape.

O sistema de injeção direta de combustível tem injetores centrais com seis furos que trabalham sob 250 bar de pressão. Seu turbocompressor atinge pressão máxima de 1.4 bar que é controlada eletronicamente pela válvula wastegate.

Com todo este aparato técnico, seus números são expressivos. Ele atinge a potência de 170/162 cv às 5.500 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente, e seu torque máximo é de 27,5 kgmf às 1.600 rpm, com ambos os combustíveis.

Essa versão do Duster pesa 1.353 kg, resultando em 7,9 kg / cv e 49,2 kg / kgmf. Segundo a Renault, o modelo atinge os 100 km/h em 9,2 segundos e sua velocidade máxima é de 190 km/h.

A caixa de marchas CVT X-Tronic tem uma programação que simula oito velocidades que podem ser comutadas por meio da alavanca do câmbio. O acoplamento é feito por conversor de torque hidráulico, tradicional.

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Interior – Também orientado na horizontal, seu interior foi completamente reprojetado. Comparado ao antigo, ele ficou bonito e sofisticado.

Painéis, saídas de ar, multimídia e diversas outras peças são retangulares e apresentam linhas mais paralelas e quinas mais vivas possíveis. 

Além deste design limpo e sólido, a construção das peças perdeu a simplicidade de outrora. Os novos botões em forma de teclado, os comandos do ar-condicionado mais robustos e as saídas de ar menos simplificadas elevaram a percepção de qualidade interna, pois apresentam um desenho mais elaborado e materiais de melhor aparência.

Os plásticos continuam rígidos e as partes macias ao toque escassas, porém, as peças estão bem injetadas, seus encaixes mais precisos e não há mais parafusos expostos. Detalhes imitando alumínio e cromados aumentam ainda mais o requinte nas versões mais caras.

Os bancos dianteiros ganharam novos desenhos com assentos mais longos e maior apoio lateral, tanto para as pernas, quanto para as costas. O banco do motorista recebeu ajuste em altura.

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Multimídia – Quase todos os equipamentos têm botões físicos, giratórios para as funções principais, de pressão para as secundárias. Apenas o multimídia aboliu essas teclas, sendo operado 100% por toques, o que não é o ideal.

Este sistema da Renault já foi um dos melhores do mercado. Em velocidade de processamento, sensibilidade ao toque, brilho, definição e tamanho da tela ele ainda é bom, porém, a concorrência está melhor. Manter o espelhamento por cabo entrega a sua idade.

O ar-condicionado é ótimo. Equipado com três botões giratórios, ele permite uso cego para velocidade da circulação, regulagem da temperatura e direcionamento do ar na cabine.

Posicionadas entre estes botões, alinhadas em dois níveis, teclas tipo piano acionam as outras funções do sistema, facilmente. Ajustável de meio em meio grau, o equipamento é eficiente em volume da ventilação e manutenção de temperatura.

O tempo para o resfriamento é bom, mas, seria melhor se houvesse saídas de ar traseiras, pois a cabine é muito volumosa.

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No quadro de instrumentos, velocímetro e conta-giros são analógicos e com graduação completa, de 5 em 5 km, e de 100 em 100 rpm, respectivamente, o ideal.

O display digital concentra as outras informações, como o marcador do volume de combustível e a marcha engrenada, por exemplo. Nessa mesa tela, as poucas informações do computador de bordo aparecem individualmente.

Aplicativos no multimídia apresentam estes dados de forma bem mais completa e em conjuntos, compensando essa simplicidade do display.

Tecnologias – Um sistema com quatro câmeras possibilita visualizar imagens ao redor do carro na tela do multimídia. Ele é muito útil em deslocamento por trilhas e em manobras de estacionamento, pois o carro é alto e volumoso.

Os sensores de aproximação também auxiliam nos deslocamentos para trás. Quando a marcha à ré é engatada, a câmera traseira é acionada automaticamente.

Mas, não é desativada ao se posicionar o câmbio em Drive, obrigando ao condutor voltar a tela para a home e, em seguida, para o espelhamento do celular, algo confuso e que deveria ser revisto pela Renault.

Chave presencial para a abertura das portas por aproximação, para o fechamento por afastamento e para a partida por botão; sensor crepuscular para acendimento automático dos faróis e alerta luminoso de ponto cego nos retrovisores externos são outras tecnologias que já haviam estreado na linha 2021.

Os três recursos são muito úteis no dia a dia. Destaque para a praticidade da chave presencial e a segurança propiciada pelo alerta de ponto cego.

Por meio de botões no volante é possível operar o controlador de velocidade e atender às ligações. Em um controle satélite de uso cego, o melhor tipo, quase todas as funções do áudio estão disponíveis.

Outra tecnologia oriunda do modelo 2021, a direção elétrica é muito mais leve do que a antiga eletro-hidráulica, existente até 2020.

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Este novo sistema garante leveza nas manobras de estacionamento e varia a assistência progressivamente, deixando o peso do volante adequado em todas as velocidades de deslocamento.

Trabalho da suspensão, em diversos pisos, se destaca

Logan, Sandero e Duster têm a mesma origem de projeto. Eles foram desenvolvidos pela montadora romena Dacia, subsidiária da Renault.

Projetados para a Europa Oriental, região com infraestrutura, muitas vezes, similar à do Brasil, a suas suspensões são robustas, adequadas às nossas pavimentações. Por ser um SUV, mais alto do que os outros modelos, a suspensão do Duster é ainda melhor.

Ela absorve os impactos, copiando bem a superfície do solo e emitindo poucos ruídos, todos graves, um misto do trabalho de retorno dos amortecedores com a acústica dos volumosos pneus. Estes são altos, como convém aos SUVs (215/60 R17).

Se direção e suspensão brilham, o encaixe das peças plásticas sobre monobloco merecia maior isolamento. Ao circular por estradas de terra com muitos desníveis e irregularidades no piso, os painéis plásticos, mesmo bem construídos, rangiam nessas condições mais extremas.

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Já em estradas bem pavimentadas, o Duster é bem silencioso. Com aerodinâmica aprimorada em relação à antiga geração, o arrasto aerodinâmico ficou um pouco mais contido, assim como o atrito dos pneus quase não invade a cabine, denotando melhoria no isolamento acústico.

Rodando – Mas, o maior ganho veio do novo motor e da reprogramação do câmbio CVT. Circulando por estradas, em velocidade de cruzeiro, a câmbio entrega relações longas e deixa o Duster solto, aproveitando ao máximo o deslocamento por inércia.

Por permitirem aos motores alcançar torque máximo em baixas rotações, no caso deste 1.3 TCe às 1.600 rpm, o uso do turbo mudou a dinâmica dos automóveis atuais.

Se o silêncio ao rodar e a economia de combustível já são uma grande vantagem destes sistemas, o desempenho costuma arrancar sorrisos dos motoristas.

Podemos dizer que o Duster acelera como o Volkswagen T-Cross 1.4 turbo, mais do que o Jeep Renegade turbo flex e menos do que os “irmãos” Peugeot 2008 e Citroën C4 Cactus, seus principais concorrentes com motor turbo acima de 1.0 litro.

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Com curso total do acelerador, o motor responde rápido, praticamente sem atraso da turbina. As marchas programadas são esticadas ao limite da rotação de segurança, são cambiadas sem trancos e o Duster acelera mais esportivamente do que a sua altura do solo e acerto para o fora de estrada sugerem.

Contudo, é necessário moderação, principalmente em curvas, pois o alto centro de gravidade do SUV joga contra a aderência dos pneus. Nesses momentos de muita força nas rodas, a inclinação da carroceria alivia o peso sobre uma delas, prejudicando a tração.

Em manobras de ultrapassagem, ou circulando em estradas de areia, por exemplo, este novo conjunto motriz ampliou muito a capacidade dinâmica do Duster, tanto no asfalto, quanto fora dele.

Consumo – Além deste ganho, em avaliação por estradas litorâneas, sempre com gasolina, essa versão se mostrou econômica.

Em diversos trechos curtos, entre 30 e 50 km, andando economicamente, o consumo médio foi de 16 km/l.

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Nos deslocamentos maiores, em rodovias duplicadas que permitiam a manutenção do ritmo ideal e sem desacelerações provocadas por tráfico, o consumo variou entre 18 e 20 km/l.

Em cidades, circulando por vilas com trânsito intenso, em ruas estreitas, o consumo não foi tão surpreendente. As média foi de 8 km/l, mesmo com o sistema stop/start funcionando na maioria das paradas por excesso de tráfico.

O Duster sempre foi uma boa opção de SUV com visual raiz, com mais cara de “jeep” do que de crossover. Mesmo muito melhorado, desde a linha 2021, faltava um motor mais potente.

Agora, ele tem uma versão para encarar os outros concorrentes com motor turbo existentes no mercado. Caso a Renault estenda essa motorização para versões de entrada, ele ficará ainda mais competitivo.

20220923_160953Fotos: Amintas Vidal

*Colaborador

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