Motocicleta mostra, nos diversos tipos de uso, o motivo do seu grande sucesso
Jota (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 25/11/2022)
A BMW Motorrad Brasil apresentou, no meio deste ano, sua versão Sport para a R 1250 GS para a linha 2022.
A big trail mais vendida do mundo é vendida em três versões: Sport, Premium e Adventure, sendo a Sport a mais simples entre elas.
Uma das mais significativas diferenças, as rodas de liga leve, foram abandonadas. A Sport passou a ter as mesmas belas rodas raiadas para uso de pneus sem câmara das demais versões, o que a torna mais próxima, visualmente, das irmãs.
Oferecida apenas na discreta e elegante cor branca, ela é menos chamativa. O que chama a atenção é o preço, praticamente R$ 20 mil a menos do que a versão Premium.
Inicialmente vendida a R$ 88,50 mil, teve o preço reajustado para R$ 94,90 mil em outubro.
E qual o segredo para tamanha diferença? O principal é a ausência da suspensão eletrônica (ESA) e do quickshifter (assistente de troca de marchas que dispensa o uso da embreagem).
Além disso, mimos menos relevantes não estão presentes. O farol adaptativo, as setas multifuncionais, vários modos de pilotagem a menos (restando apenas 3 – Road, Rain e Eco) e alguns poucos detalhes no acabamento que passam despercebidos ao olhar menos atento.
Ainda assim, o modelo Sport oferece bastante ao piloto.
Entre outros benefícios, painel TFT com conectividade por bluetooth, assistente de GPS curva a curva por app BMW, monitor de pressão de pneus, aquecimento de manopla em dois níveis, protetor de mãos e cárter, entrada 12V, entrada USB, preparação para GPS, bolha regulável, ABS integral, controle de tração otimizados para curvas e piloto automático.
Rodando – Mas é ao montar na moto, ligar e começar o passeio que se torna claro o motivo de, apesar do preço, a R 1250 GS ser, há tanto tempo, a big trail mais vendida. O ronco dos 2 cilindros opostos é imponente, mas sem exageros.
O banco é extremamente confortável e a ergonomia da motocicleta nos faz lembrar o trabalho de um alfaiate, tamanha a naturalidade com que braços e pernas chegam aos comandos, além da posição de pilotagem que, apesar de bastante relaxada, proporciona total domínio sobre a máquina.
Ao acionar a embreagem, já se nota a leveza proporcionada pela assistência. A primeira é engatada suavemente e o acelerador tem longo curso, o que já mostra a calibragem voltada ao conforto, como tudo mais nessa moto.
O painel, de fundo preto e área bem distribuída, privilegiando o que importa (rotação do motor e velocidade), é legível sob qualquer condição de luz e de muito bom gosto.
Você pode selecionar as informações complementares que deseja ter sempre visíveis e não há parâmetro que não esteja disponível em poucos cliques. No punho esquerdo encontram-se, à mão, os controles necessários para esses acessos.
Suavidade – A troca de marchas é suave, o motor é vigoroso, muito elástico, mas progressivo. Quase não se nota a velocidade crescendo de maneira ininterrupta.
Seja a 120 ou 180 km/h, a moto é estável e ignora as irregularidades do piso, graças ao conjunto único de suspensões Telelever-Paralever, ainda inigualáveis quando se pensa em conforto e segurança na estrada.
Aliadas ao freio dianteiro otimizado para curvas, e que distribui a frenagem automaticamente para a roda traseira, é surpreendente perceber que mesmo uma frenagem de emergência em curva é absorvida sem perda de estabilidade. Um luxo!
Aliás, o segredo da R 1250 GS ser imbatível pra quem exige a presença da dupla segurança e conforto está no esqueleto: Paralever + Telelever e motor boxer.
A moto é construída a partir desse conceito, e o resultado é uma moto que se torna íntima do condutor logo após o primeiro contato. Previsível, estável, segura.
Para completar, freios da grife Brembo em ambas as rodas, com pinças radiais na dianteira e uso de malha de aço nos flexíveis para não haver perda de eficiência.
Fotos: João Marcos Souza (Jota)
Ainda é bom lembrar a transmissão secundária por cardã, sistema selado e de baixíssima manutenção, tranquilidade para os aventureiros e, até mesmo, para os preguiçosos.
Motor muito forte, com mais de 14 kgfm de torque máximo, e utilização suave já desde as 2.000 rpm, progressivamente mais forte até cortar perto das 9.000 rpm.
A pouca vibração não chega aos pés e mãos do piloto, o que colabora para o extremo conforto das viagens em estradas, seu habitat por excelência.
Estrada e Cidade – As estradas sinuosas também proporcionam momentos de grande satisfação, pois a vocação da GS para curvas é de fazer inveja a qualquer moto esportiva.
Obviamente, uma motocicleta com suspensões de longo curso, aro 19 e roda raiada está apta para incursões na terra, mas não dá pra esperar um verdadeiro off-road de uma moto de quase 250 kg em ordem de marcha.
Devido ao centro de gravidade baixo proporcionado pelo motor boxer, à sua suavidade de funcionamento (sem solavancos, mesmo a míseros 2000 rpm), à embreagem assistida, ao proporcionalmente curto entre-eixos e ao generoso ângulo de esterço do guidão, andar com a R 1250 GS no trânsito urbano não é uma tarefa para malabaristas.
Mas o formato do motor dificulta a desenvoltura da pilotagem nos corredores, tão habitual entre motos urbanas.
O “motorzão”, com 1250 cm³ e 136 cv, pode parecer um exagero, mas é um grande aliado para longas viagens com garupa e bagagem.
A moto não sente o peso extra e mantém desempenho esportivo, tornando a diversão garantida e a segurança permanente.
Bom, depois desse relato, fica uma pergunta: Só tem qualidades?
É aí que aparecem os aspectos não tão agradáveis de se ter um produto emblemático de uma marca premium.
As revisões, feitas a cada ano ou 10 mil km, têm preços salgados. As peças e acessórios originais carregam o peso e o preço da marca.
Como exemplos, uma película para o painel custa R$ 700,00 e, um protetor de motor, mais de R$ 4 mil.
Mesmo a revisão inicial, feita aos 1000 km, custa mais de R$ 1 mil. O preço de manter a garantia de 3 anos é passar por essas revisões.
Uma outra questão que entra em jogo, quando se dispõe a viajar de “primeira classe”, é o que se espera como destaque.
Fotos Estúdio: BMW Motorrad / Divulgação
Se o que você procura é muita emoção e esportividade, a Ducati Multistrada V4 fará você muito mais feliz.
Se quer fazer um off-road com extrema competência em uma big trail, você poderá escolher entre a KTM 1290 e a nova Triumph Tiger 1200.
De qualquer modo, a BMW R 1250 GS, ou apenas GS para os íntimos, continua a ser referência no mundo das bigtrails.
O binômio segurança-conforto permanece como referência para os amantes das longas viagens.
Ficha T´écnica:
Motor: Boxer bicilíndrico a quatro tempos de refrigeração ar/líquido, 8 válvulas e sistema variável de distribuição BMW ShiftCam.
Potência Máxima: 136 cv às 7.750 rpm
Carburação/Gestão do Motor: Injeção Eletrônica
Embreagem: Multidisco em banho de óleo, acionada hidraulicamente.
Transmissão: Seis velocidades com veio de sincronização
Quadro: Conceito de quadro bipartido com seção principal e com a traseira aparafusada, motor autoportante.
Suspensão Dianteira: Telelever BMW Motorrad, diâmetro das bainhas 37 mm, amortecedor central.
Suspensão Traseira: Monobraço oscilante em alumínio fundido com Paralever BMW Motorrad; amortecedor WAD (amortecimento dependente do curso), afinação hidráulica contínua da pré-carga da mola por manípulo, afinação da expansão por manípulo.
Curso Dianteiro/Traseiro: 190 mm/200 mm
Roda Dianteira/Pneu Dianteiro: 3,00 x 19″/ 120/70 R 19
Roda Traseira/Pneu Traseiro: 4,50 x 17″/ 170/60 R 17
Freio Dianteiro: Dois discos flutuantes, diâmetro de 305 mm, pinças radiais de quatro pistões.
Freio Traseiro: Disco simples, diâmetro de 276 mm, pinça flutuante de pistão duplo.
Entre-Eixos: 1.514 mm
Comprimento: 2.207 mm
Altura (sem espelhos): 1.430 mm
Largura (com espelhos): 952 mm
Peso: 249 kg
Capacidade do Tanque de Combustível: 20 litros
Reserva: Aproximadamente 4 litros
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