Cronos Drive 1.3 CVT é o Fiat mais econômico que avaliamos com este powertrain

Em nossa avaliação, feita principalmente em estrada, sedan marcou 15,4 km/l

Amintas Vidal*  (Publicado no Diário do Comércio – Edição: 02/12/2022)

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Os sedans já foram muito desejados em nosso mercado. No fechamento de 2012, o melhor ano histórico da indústria automotiva brasileira, entre os cinquenta carros mais emplacados, quinze eram modelos de três volumes.

Destes, três estavam entre os dez primeiros. Hoje, quase dez anos depois, existem nove sedans e apenas um aparece entre os ponteiros.

Os SUVs tomaram o protagonismo. Naquela época, nessa mesma lista, havia cinco utilitários esportivos. Agora, até o fechamento do mês de outubro, metade dos modelos defende a categoria.

São vinte e cinco modelos, sendo quatro entre os dez primeiros, e dez entre os vinte mais emplacados, segundo dados fornecidos pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Mesmo sofrendo com tamanha concorrência, os sedans são ótimas opções para famílias que transportam muita bagagem. Eles são mais seguros, custam menos e, na maioria dos casos, têm porta-malas mais espaçosos que os SUVs dos seus respectivos tamanhos.

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O DC Auto recebeu o Fiat Cronos Drive 1.3 CVT para avaliação, a versão automática mais em conta do modelo. Com motor aspirado e câmbio continuamente variável (CVT), ela estreou em agosto deste ano custando R$ 88,79 mil.

Atualmente, no site da montadora, seu preço sugerido é R$ 97,19 mil. Nesse preço, a carroceria vem na cor preta sólida. As outras cores sólidas custam R$ 990,00 e, as metálicas e perolizadas, R$1,98 mil.

Seus principais equipamentos de série são: ar-condicionado manual; direção elétrica progressiva; central multimídia de 7 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay por cabo; display digital em TFT de 3,5 polegadas; volante com comandos de rádio, telefone e regulagem em altura; vidros elétricos dianteiros e traseiros com one touch e alarme antifurto.

Em segurança, os destaques são: airbag duplo; freios ABS com EBD; ESC (controle de estabilidade), TC (controle de tração) e Hill Holder (controle eletrônico que auxilia nas arrancadas em subida); controlador de velocidade (piloto automático); ESS (sinalização de frenagem de emergência); monitoramento de pressão dos pneus; gancho universal para fixação cadeira criança (Isofix) e sensor de estacionamento traseiro.

A unidade avaliada estava equipada com um dos dois pacotes de opcionais existentes, o Drive Plus, que custa R$ 2,98 mil.

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Ele traz retrovisores externos elétricos, com indicador de direção e sistema Tilt Down (rebatimento automático do retrovisor direito ao acionar a ré); sensor de temperatura externa; câmera de marcha à ré com linhas dinâmicas e rodas de liga leve de 15 polegadas.

Além deste opcional de fábrica, três acessórios de concessionária foram instalados no modelo, todos da Mopar, marca oficial da Stellantis: apliques na soleira, adesivo de teto e cabide de terno para o encosto de cabeça do banco dianteiro.

Motor e Câmbio – O motor desta versão é o Firefly 1.3 aspirado. Seu bloco tem quatro cilindros, o cabeçote conta com comando simples tracionado por corrente e oito válvulas, e este sistema permite variação de abertura das mesmas.

Alimentado por injeção indireta multiponto, e tendo alta taxa de compressão, 13,2:1, ele rende 107/98 cv de potência às 6.250 rpm e 13,7/13,2 kgfm de torque às 4.000 rpm, sempre com etanol e gasolina, respectivamente.

O câmbio é o automático CVT, o sistema que tem a variação continua das relações de marchas. A Fiat programou sete relações específicas para simular o uso de marchas escalonadas, no modo manual ou quando o motor é mais exigido. As trocas podem ser feitas por meio da alavanca do câmbio.

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Este conjunto mecânico é a principal mudança no Cronos 2023, assim como a disponibilidade do modelo com motor 1.0 aspirado, pois só o 1.3 era ofertado para a linha 2022.

Pequena alteração na grade dianteira e novas rodas e calotas são as alterações externas.

Internamente, essa versão perdeu o acabamento metalizado no centro do painel, recurso estético transferido para o opcional S Design. Todas as versões ganharam o atual volante da marca.

Ele tem a parte central mais retangular e o novo logotipo da Fiat. Essas foram as leves alterações, já que nem o tecido de revestimento dos bancos foi trocado.

O acabamento também não mudou. Peças com desenho elaborado e montagem correta, mas tudo em plástico duro. Texturas, pequenos detalhes cromados e em alumínio fosco quebram a simplicidade na cabine.

Números – No mais, as dimensões do Cronos permanecem as mesmas.  São 4,36 metros de comprimento; 2,52 metros de distância entre-eixos; 1,72 metro de largura e 1,50 metro de altura.

Ele pesa 1.139 kg, em seu porta-malas cabem 525 litros e, no tanque de combustíveis, 48 litros. O modelo tem carga útil de 400 kg. Coincidentemente, a mesma capacidade de reboque sem freio.

O Cronos tem bom espaço interno. Quatro adultos têm ampla área para cabeças, ombros e pernas. Apenas os mais altos podem encostar a cabeça no teto quando postados no banco de trás.

Ao centro deste mesmo banco, só uma criança viaja com conforto, ou um quinto adulto em deslocamentos mais curtos.

A ergonomia é acertada. Todos os equipamentos têm botões físicos, giratórios para funções principais, e de pressão para as secundárias.

Eles são acessados sem grandes movimentações dos braços. Multimídia destacado acima do nível do painel, teclado tipo piano ao centro e ar-condicionado logo abaixo formam linhas de comando organizadas.

Alguns detalhes destoam dessas qualidades. Os pedais estão um pouco desalinhados em relação ao volante, deslocados para a direita.

As alças das portas dianteiras são muito avançadas, ajudando a fechá-las, mas dificultando a abertura. Faltam alças de teto para ajudar o embarque e o desembarque de pessoas com baixa mobilidade.

Por último, a coluna de direção só regula em altura, não permitindo ajuste em distância. Em compensação, existem regulagens de altura para o banco do motorista e para os cintos de segurança nos bancos dianteiros, recursos complementares importantes para a ergonomia.

Multimídia – O multimídia só espelha celulares por cabo, mas o sistema é rápido e preciso, tanto na conexão entre os aparelhos, quanto na alternância dos aplicativos durante o espelhamento.

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Em brilho, sensibilidade ao toque e definição de imagem, o conjunto ainda agrada, mas o tamanho da tela é pequeno se comparado aos da concorrência.

O sistema de áudio é melhor que o esperado para um conjunto que não foi desenvolvido por empresa especializada em sonorização. As frequências são bem definidas e a distribuição espacial deixa o som envolvente.

Os graves surpreendem, precisando ser regulados para não sobressaírem demais. A falta de potência para reproduzir músicas por streaming em altos volumes, e sem distorções, é uma limitação recorrente nestes equipamentos normais.

Na linha central do painel, dos sete botões existentes, cinco são operantes. Eles comandam o desligamento do controle de tração, o acionamento do pisca alerta, o travamento das portas, o desligamento do airbag do passageiro e a ativação do desembaçador do vidro traseiro.

Este é um conjunto de fácil identificação e operação.

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O ar-condicionado é analógico. Como sempre destacamos, estes sistemas não permitem o controle preciso da temperatura, mas, normalmente, são mais eficientes.

No caso do Cronos e do Argo, além do equipamento resfriar o ar rapidamente e manter a temperatura estável, existem três saídas centrais e duas laterais que distribuem bem a forte ventilação do conjunto.

Simples de operar, seus comandos contam com três botões giratórios, sendo um menor ao centro, diferenciação que permite o uso cego, ampliando a segurança na condução.

Quadro de Instrumentos – O quadro de instrumentos tem marcadores analógicos com ponteiros iluminados e destacados na cor vermelha, números grandes e traços e pontos bem definidos que ajudam na agilidade de leitura do velocímetro e do conta-giros.

Completo, apresenta a temperatura do líquido de arrefecimento do motor, além do nível de combustível.

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O display digital central mostra os dados do computador de bordo e diversas informações sobre o veículo e algumas do multimídia.

Elas aparecem em conjuntos, são apresentadas em páginas dedicadas e sua sequência está correta para serem complementares com o mínimo de operações possíveis nos comandos existentes no volante.

Números e letras não são tão grandes, mas a definição desta tela compensa a limitação de tamanho.

Qualidade inerente a quase todos os carros do grupo Stellantis, seus volantes são anatômicos e têm botões bem organizados, tanto na parte da frente, como na de trás.

Essa característica permite fácil identificação destes comandos dianteiros e uso cego dos traseiros, outro acerto que contribui na segurança dinâmica.

A direção elétrica é muito leve em manobras e permite esterço total com poucos giros no volante. Porém, ela perde a assistência muito rapidamente, ficando pesada em velocidades intermediárias, peso que só deveria ter em velocidades maiores.

Há tempos, nós observamos este erro em alguns modelos da Fiat, e sempre notificamos em nossas avaliações, mas não constatamos melhoras neste acerto, infelizmente.

Contribuindo com essas boas características para as manobras, a câmera de marcha à ré tem ótima qualidade de imagem e linhas dinâmicas. Em conjunto com os sensores de aproximação, ajudam bastante ao estacionar, pois a traseira do Cronos é alta e prejudica a visibilidade para trás.

Conforto ao rodar já virou marca registrada da Fiat

Se existe uma qualidade onipresente nos carros da Fiat, ela é o conforto de marcha.

Relativo ao tamanho e ao peso dos carros, e suas respectivas distâncias entre-eixos, medida crucial no comportamento dinâmico dos mesmos, o acerto das suspensões dos modelos da marca sempre entregam estabilidade coerente com suas propostas e conforto acima da média.

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No caso do Cronos, por ser um sedan e ter mais peso após o eixo traseiro, essa característica sobressai. A frequência de trabalho do conjunto de molas e amortecedores é baixa, e ele é executado em silêncio e com ótimo isolamento das imperfeições do piso.

Assim, o conforto de marcha é alto, até semelhante à de carros maiores e, em curvas, o modelo é muito estável, se considerarmos o seu uso familiar.

Corrobora com este conforto, o isolamento acústico. Circulando em rodovias com asfalto comum, o silêncio impressiona.

Quase não se ouve o atrito dos pneus, o arrasto aerodinâmico e o ruído do motor. Sobre asfalto mais abrasivo, o ruído de rolamento se torna audível, mas não quebra o conforto acústico.

Rodando – Já avaliado no Pulse e na Strada, o motor Firefly 1.3 acoplado ao câmbio CVT também entrega desempenho satisfatório ao Cronos.

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Com pouco curso no acelerador, o câmbio sempre busca a relação mais longa compatível com as variáveis do deslocamento em cada situação.

Sendo assim, é possível circular aos 90 km/h, às 1.950 rpm, e aos 110 km/h, às 2.550 rpm. Acelerando mais um pouco, o câmbio CVT tem o funcionamento padrão destes sistemas.

Ele reduz as relações para o motor alcançar uma rotação mais elevada, próxima às 4.000 rpm, regime em que o torque é maior e, depois que o carro embala, o câmbio multiplica as relações, reduzindo o giro do motor.

Com curso total do acelerador, as sete relações pré-programadas são trocadas no limite do giro permitido, ás 6.500 rpm. Nesta situação, o desempenho é convincente, mas não é esportivo. Ele atende a uma condução segura, dentro da proposta familiar do modelo.

Comutar as marchas por meio da alavanca do câmbio amplia o domínio sobre o carro em ultrapassagens ou para usar o freio-motor.

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Acionar a tecla Sport também auxilia nessas duas situações, segurando o carro em decidas ou tornando o motor mais responsivo às acelerações.

Consumo – Outro destaque deste conjunto é a eficiência energética em estradas, como pudemos conferir em viagem pelo litoral fluminense.

Divididos em três trechos de 40 km, mantendo velocidades distintas, sempre conduzindo economicamente e com gasolina no tanque, obtivemos ótimos consumos.

Buscando manter a velocidade máxima da via, 110 km/h, atingimos 17,2 km/l. Já aos 90 km/h, nosso consumo foi de 19,9 km/l.

Também fizemos abaixo desta velocidade, buscando a condução melhor adaptada para cada parte da rodovia, andando em velocidades entre 60 km/h e 100 km/h, conforme o relevo permitia. Nessas condições, chegamos à melhor média, de 22 km/l.

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Por inúmeras diferenças de tráfego, não conseguimos uma média urbana nesta avaliação. Circulamos um total de 602,3 km, 70% em estradas e 30% em cidades. Neste acumulado, nosso consumo médio foi de 15,4 km/l.

Existem apenas duas versões do Cronos com este powertrain, Drive e Precision, as únicas automáticas.

A Drive pode vir com um dos dois pacotes de opcionais e, a Precision, tem os bancos revestidos em material sintético que imita o couro como opcional.

20221108_113948Fotos: Amintas Vidal

*Colaborador

Acesse o nosso site: http://www.diariodocomercio.com.br

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